A Divulgação de Tributos!

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Mensagem por Charlotte M. C. Reinhardt Seg Nov 16, 2015 6:32 pm

A Divulgação de Tributos! 100
A Divulgação de Tributos!
Panem amanheceu escura, envolta em uma camada de melancolia e ansiedade, era feriado em todo país e muitas famílias iriam comemorá-lo, mas apenas após a Colheita. Vinte e quatro famílias teriam seus jovens retirados de si à força, seriam desmembradas do seio familiar e logo mais estaria em uma disputa até a morte para a sobrevivência, os Jogos no mais tardar começariam. Durante a madrugada os Pacificadores montaram na Praça Central de cada distrito um grande palco, como todos os outros anos, havia jornalistas e câmeras da Capital espalhados em pontos estratégicos prontos para filmarem a primeira etapa dos Jogos. Mas naquele ano, não. Não seria realizada a Colheita. Aquela Edição, os tributos seriam escolhidos pelos cidadãos da Capital. Por meses, os cidadãos Capitalistas viam arquivos sobre os cidadãos dos Distritos. Como evoluíam, como treinavam e geralmente, nem sempre aqueles arquivos estavam certos. Havia erros, afinal, Distritos nem sempre acertavam as informações.


Metodicamente a população seguia para o espaço organizado, nos Distritos Carreiristas os jovens sorridentes brincavam entre si e o mau agouro não existia nos demais distritos crianças mais novas iam agarradas aos braços de seus progenitores ou irmãos. Já devidamente posicionados no palco o representante da Capital, juntamente com o prefeito e o (a) mentor (a), o capitalista se destacava por suas roupas peculiares e demasiada animação. O prefeito mantinha-se neutro, servindo apenas de enfeite para o evento, o (a) mentor (a) por outro lado possuía um ar mais sério e logo sua face fora estampada no telão.


Jovens de 12 a 18 anos encaminhavam-se para a checagem e coleta de sangue, formando filas indianas que eram controladas pelos Pacificadores, após ter uma gota de seu sangue coletado as crianças dividiam-se de acordo com a idade e sexo. Os mais novos mais ao fundo e aqueles que possuíam dezoito anos em primeiríssimo lugar, despedindo-se da Divulgação, ou naqueles que tinham o azar, a Colheita.


Às nove horas em ponto, o hino de Panem começou, o telão iluminou-se com o brasão da nação e o silencio perdurou. Uma série de imagens teve início, mostrando os Doze Distritos e a Capital e seu povo peculiar, Jogos passados foram relembrados — a exceção dos Jogos de Katniss Everdeen e o Terceiro Massacre Quaternário — seus vencedores apareciam sorridentes e banhados em riquezas. Logo que o hino terminou, o capitalista sorriu animado tomando a frente.


Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! — Sua voz era aguda e seu sorriso parecia ter sido costurado em sua face. — E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos.


O costumeiro documentário tem início, contando à todos a história de Panem. “Do Tratado da Traição. Como punição pela revolta, cada um dos 12 Distritos devem providenciar uma garota e um garoto com idade entre 12 e 18 anos para a Colheita.

Esses Tributos ficarão sob custódia da Capital e serão transferidos para a Arena, onde lutarão até a morte, até que reste somente um vitorioso. De agora em diante, e para sempre, este campeonato será conhecido como: Jogos Vorazes.” O capitalista aplaude animado ao final do documentário, os jovens o acompanham desanimadamente e o (a) mentor (a) sorri discretamente. No vídeo aquele ano, tinha uma informação extra, que anunciava a nova forma de sorteio: A escolha de tributos por cidadãos da Capital, mas o vídeo não tinha muitos detalhes, só glorificava.

Bem, agora... — O (a) representante tinha sido interrompido.

Os burburinhos crescem até mesmo o (a) mentor (a), parece surpreendido pela aparição repentina do governante. Os Pacificadores se agitam e o brasão de Panem, novamente acende a tela, e junto ao hino de Panem. Uma mulher com cabelos morenos, com um sorriso sereno, até mesmo angelical, que vestia um belo vestido vinho, com detalhes em flores, ela observava a todos com serenidade. A mulher não teve muito desprezo, que era comum aos idealizadores, já que os tributos seriam submetidos ao caos, ao inferno de uma Arena. A mulher então se pronunciava.

Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — A idealizadora revirara os olhos. — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — Charlotte revirou os olhos. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

O telão toca novamente o hino de Panem, enquanto o brasão de Panem aparece, e apaga-se e o representante da Capital bate palmas novamente, com seus saltos altos desfila até o centro do palco, o prefeito e o (a) mentor (a) em seu flanco. O (a) representante segura o microfone com afinco, como se sua vida estivesse em jogo, seus olhos bicolores fitam a multidão de jovens que estão cada vez mais ansiosos. Naquele ano, o palco habitual, não tinha globos. Tinha apenas uma mesa, com dois envelopes. Os envelopes eram pretos, com detalhes em prateado, com o brasão de Panem em cera, um lacre, uma fita rosa e um com fita azul. O (a) representante então pegou o envelope com a fita rosa. Quebrou o lacre de cera e disse por fim ao ler o envelope:
Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito X é nossa amada...

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Mensagem por Michael Ledger Ter Nov 17, 2015 1:20 am

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A colheita




  O céu ainda estava escuro naquela manhã. O clima estava de ansiedade e melancolia. Talvez porque hoje 24 pessoas - 2 adolescentes de cada distrito - iriam ser os novos "brinquedinhos" da Capital. Lutando e matando os outros para não ter que morrer. Mesmo que hoje fosse feriado, eu não estava ligando, pois 2 adolescentes que eu provavelmente conhecia iria ser os novos tributos do Jogos Vorazes. Não me lembro muito bem de todas as edições, mas a recente foi ganha por alguém do meu distrito. Blanche... desde então ela não é mais a mesma garota que era antes dos Jogos. Acho que a Arena faz as pessoas... enlouquecerem. Assim que cheguei na praça central, pude ver várias coisas diferentes no ambiente - não muito diferente ao da outra colheita. Câmeras, Pacificadores armados, Jornalistas com as mais bizarras aparência e... mais um pouco na frente um palco. Houve boatos que não haveria colheita esse ano e sim uma votação... o povo da capital iria votar para escolher os tributos. Não acreditava nisso. Era quase impossível isso ocorrer, mesmo que todos acreditem nisso, eu juro por mim mesmo que eles não teria essa astúcia toda para fazer isso, pois a Capital nem conhece nós.


  Minha mãe veio até aqui com cadeira de rodas que era conduzida por uma senhora - Marrie - que também poderia ter seu filho como um tributo. Aquiles. Esse era o nome dele. Sou mais velho que ele, a diferença é entre meses, mas ainda assim consigo ser mais forte mentalmente que ele. Não havia risco de eu ser escolhido para ser o mais novo tributo do 11, pois se verdadeiramente fosse por votação, as pessoas da Capital escolheria Gesiel. Esse cara tem a capacidade física de levantar quase uma tonelada. Percebi que Aquiles estava tremendo e logo estiquei minha mão para ir com ele retirar uma gota de nosso sangue que serviria para alguma coisa que eu não estava interessado no momento. Fixei meus olhos no palco e daqui pude ver o prefeito com a mesma aparência e postura de sempre. Não mostrava alegria, ou tristeza, sempre era assim... neutro. Do seu lado esquerdo estava Blanche. A vencedora do último Jogos Vorazes. Blanche estava séria demais, nem parecia aquela garota meiga que eu sempre ficava observando de longe... talvez por que ela sabe como é ter sua vida em jogo. Logo mais a frente estava um representante da Capital. Tinha um ar alegre e uma alto estima fora do padrão para um dia como esse. Todos ficavam olhando torto para ele, porém ninguém tinha uma moral suficiente para discutir com uma pessoa da Capital. Enquanto isso, o rosto de Blanche aparecia na televisão, mesmo com seu rosto a amostra para todo o distrito ela continuava com aquele tom de seriedade e um pinguinho de desprezo pelos Jogos.


  Com a mão dada a Aquiles, fomos caminhando a fila. Um pacificador chegou perto de nós e pediu que nos separassem, já que Aquiles era mais novo que eu. Estava a algumas pessoas a frente de Aquiles, mas isso não fazia que o garoto ficasse calmo, talvez porque ele sabe mais do que eu que os Jogos Vorazes é uma maquina de guerras entre distritos e execuções de tudo quanto é tipo. Na fila indiana, os garotos mais velhos foram na frente, sendo assim um bom tempo para chegar minha vez, mas chegou. Assim que cheguei até uma mesa onde uma mulher estava sentada, a tal esticou meu braço direito e posicionou meu dedo indicador para cima. Logo a mulher pegou um objeto que parecia uma arma e deu apenas um toque com ela em meu dedo. Um buraco bem pequeno de sangue começou a ficar a amostra. A tal então pegou minha mão e borrou um papel com meu sangue. Aquilo era estranho, mas isso devia ser para analisar se eu tinha alguma doença contagiosa, ou coisa do tipo. Pouco tempo antes de dar 9 horas, andei até a multidão de jovens ansiosos e preocupados com o que poderia ocorrer hoje. Perdi esse medo na primeira edição... pra falar a verdade eu perdi esse medo depois que meu pai e meu irmão morreram. Se Jason estivesse aqui, ele estaria falando que a chance de eu ser escolhido entre mais de 100 adolescentes é 000,1% de chance, mas ele não está mais aqui !


  Às 9 horas, o hino da capital começou e logo revirei meus olhos para o telão, onde estava aparecendo um brasão da nação. Ninguém estava mais falando, todos estavam atentos ao telão. Um monte de imagens apareceu, todos os distritos, a Capital e... o povo peculiar e sem alma da Capital. Jogos passados foram mostrados, menos os que Katniss Everdeen - a pessoa que um dia nos deu um pingo de esperança - participou. Todos os vencedores estavam felizes, podres de ricos e um sorriso de orelha a orelha no rosto. O hino terminou e o representante da capital ficou na frente do microfone que havia no palco.


  Não demorou muito e logo a voz irritante daquele homem foi ouvida por todos - Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! - A voz dele era muito aguda e seu sorriso... muito forçado. Logo o homem continuou seu blá blá blá. - E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos. - Mais uma vez. Tudo se repetia como no outro ano. Jason estava aqui comigo no anterior, mas agora...


  Como já esperado o vídeo era o mesmo do ano passado. Falando sobre a traição que os distritos fizeram contra a Capital e que agora temos que pagar por isso, "doando" dois adolescentes de cada distrito, um homem e uma mulher. Os tributos selecionados ficarão sob custódia da Capital e depois serão levados para a Arena... o lugar onde você não é condenado por matar ninguém e quase nunca tem justiça quando alguém morre. Apenas 1 tributo sobreviverá e 23 irão ser executado das mais diversas brutalidades que existe pelo mundo. E o nome desse jogo se chama Jogos Vorazes, e alguém daqui será o mais novo jogador dele. Antes do vídeo terminar, o boato que corria a solta pelos distritos se tornou realidade. A Capital que iria escolher os participantes desse ano. Dou um passo para trás e suspiro um pouco aliviado, pois eles com certeza vão ter escolhido o Gesiel. O cara tem quase 2 metros de altura, 15 anos e aguenta uns 5 de mim em suas costas. O povo da Capital adora homens de alta estatura física e com uma aparência bonita... bom, o Gesiel não é bonito, mas mesmo assim não abaixa a chance dele ser o mais novo tributo selecionado pelo povo da Capital. Assim que termina o vídeo, o Capitalista aplaude com muito animo e logo começo a aplaudir junto com a multidão, mas nossos aplausos eram falsos, eram aplausos de quem sabia que não tinha nada de alegre nisso. Dei uma olhada sorrateira na mentora Blanche e percebi que ela estava rindo, mas um sorriso bem discreto, como alguém que não queria expressar seus sentimentos muito bem.


  A voz do representante voltou a ser ouvida e logo as palmas parou. - Bem, agora... - Alguém havia interrompido seu discurso. Alguém que eu não sabia muito bem quem era. murmúrios podem ser ouvido de tudo quanto é parte, até Blanche está surpreendida com a aparição daquela mulher, mas eu não sei quem exatamente ela é. Aquela mulher que mais tinha um rosto lindo de uma garota, usava um vestido com a cor de vinho com algumas flores de enfeite. A mulher apenas observava todos, assim como nós também observava ela. Pelo jeito nenhum dos jovens desprezou sua presença no telão. Nem eu. Essa mulher... mesmo com a aparência tão linda ainda parece ser um tipo de monstro fabricado pela Capital. Um tipo que raramente se tem aqui no 11. O silêncio não demorou muito e logo a mulher começou a falar.


  — Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — A idealizadora revirara os olhos. —Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — Novamente revirou os olhos. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

  Agora eu sei quem é ela... é uma Idealizadora. Por isso todos ficou quietos, por isso ninguém faltou com respeito. Todos esses adolescentes tem medo dela. Eu teria, porém a Capital não me da medo, o que eu sinto pela Capital é ódio, um puro e grandioso ódio. O telão volta a tocar o hino de Panem e o brasão aparece em seguida. Ao fim do hino, o representante bate palmas novamente e com seu salto desfila até o meio do palco, o prefeito e Blanche em sua lateral direita. O representante segura o microfone com cuidado, como se ele estivesse entre a vida e a morte. Seus olhos grudam em nós, olhando para cada rosto possível em pouco tempo. Esse ano os globos não estavam lá, não havia globos para escolher um tributo por loteria. Havia apenas uma mesa e 2 envelopes em cima dela. Pretos e com o brasão de Panem. Um envelope era azul e outro era rosa. Um menino e uma menina foram escolhidos pela Capital. O representante pegou o envelope rosa e quebrou o lacre. Tirou um papel que estava dentro e leu o nome que estava escrito. A mais nova tributo do 11.


   -  Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! - O representante teve a cara de pau de dizer isso. Como se ele já nos conhecesse a muito tempo. Olhei para a multidão das garotas que estava ali e fiquei procurando a Beth. Uma garota que me deu 2 Foices pequenas de presente para mim, porém não encontrei-a. Caso ela for escolhida... queria dizer um último adeus, um último... obrigado. - O tributo feminino do distrito 11 é nossa amada...



E que a sorte esteja sempre ao seu favor.

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Michael Ledger
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Mensagem por Makenna E. Kröhling Ter Nov 17, 2015 1:10 pm

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A sorte nunca está ao nosso favor.
Olhava o sol nascer sentada na porta de casa, estava um pouco ansiosa para a divulgação dos nomes e por conta dessa ansiedade não tinha conseguido dormir muito bem. Escutei os passos pesados de Miles atrás de mim e olhei para trás e vi meu irmão com um sorriso torto nos lábios.  — Também não consegue dormir? — murmurei e ele se sentou ao meu lado. — Não, estou ansioso demais para conseguir pregar os olhos. — ele respondeu e eu sorri. — Será que um de nós vai ser escolhido? — perguntei e ele abaixou a cabeça com o mesmo sorriso torto nos lábios. — Sabemos bem quem deverá ir da nossa família. — ele respondeu e me olhou. — Eu já vi você treinar escondida Mak, você é boa, muito boa, mas eu realmente espero que não seja escolhida. — ele disse e eu sorri. — Mas e se eu for escolhida? — murmurei a pergunta e ele olhou para o céu pensativo e depois se voltou para mim com um sorriso radiante. — Então o nosso distrito terá uma vitoriosa esse ano. — Deixei que uma risada suave escapasse dos meus lábios e balancei a cabeça me voltando para o céu e meu irmão fez o mesmo e nós dois ficamos lá, apenas sentados em silêncio observando o sol se erguer por entre as inúmeras nuvens deixando o dia escuro e melancólico, iniciando a mais esperada por uns e odiada por outros, a colheita dos tributos.

Sentia o meu coração acelerar a cada hora, meus pais tentavam evitar o assunto "colheita", sabia que era por medo, mas medo do que? Tentei me por na situação em que eles se encontravam, levando seus dois únicos filhos para quem sabe a morte certa, mas ainda havia a possibilidade de não sermos escolhidos e era isso, esse fio único de esperança, que os mantinha de pé. Eu não estava preocupada com isso, havia passado anos e anos da minha vida treinando e mesmo não estando tão bem preparada quanto queria estar, sabia que minhas chances de ganhar eram boas e me agarrei a isso para não enlouquecer, ao que parece está funcionando. Subi para meu quarto e comecei a me arrumar, tomei um banho para poder organizar os pensamentos e vesti a minha melhor roupa, deixei os cabelos soltos e me olhei no espelho, o resultado estava bom. Saímos de casa as 9:50 am e caminhamos em passos lentos até a praça principal, onde estaria ou não o nosso destino. Estava de braços dados com meu irmão mais velho, o significado era somente nosso, um estava dando força para o outro sem trocar uma única palavra. Quando chegamos ao local estava parcialmente cheio, com uma quantidade razoável de pessoas, cumprimos todos os procedimentos e fomos direcionados as nossas filas, fiquei um pouco atrás de meu irmão mais velho em outra fila indiana e achei mais prudente não olhar para ele, sabia que ficaria mais ansiosa. Nossos pais ficaram em seu devidos lugares e vez ou outra os via esticar o pescoço nos procurando. Conseguia ver o medo em seus olhos.

As 10:45 em ponto o telão iluminou-se exibindo o brasão de Panem, o hino ecoava em meus ouvidos me deixando irritada, reviro os olhos e noto meu irmão olhando para mim, ele sorri encorajador e se vira para a frente novamente, viro o rosto para a frente e vislumbro o mentor do nosso distrito, era uma das poucas vezes que conseguia o ver e ele continuava o mesmo de sempre. Quando o hino acabou, voltei meu olhar para o capitalista e fiz uma careta observando seu sorriso grotesco e assustador. — Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! — A voz dele ecoou pela praça e eu me esforcei ao máximo para não tampar meus ouvidos, a voz dele era aguda e irritante demais para mim. — E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos. — fixei meu olhar no fio solto do vestido da garota a minha frente, já estava saturada de ouvir e ver o mesmo documentário ano após ano, se duvidasse era capaz de recitar tudo sem errar uma única palavra. Estava concentrada demais que nem notei a presença de outra mulher no palco, só percebi quando ela interrompeu o discurso enjoativo do capitalista e começou a falar.

Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — Notei que ela era idealizadora, conseguia sentir o sarcasmo exposto em sua voz e na maneira como ela se portava, como se não ligasse, e não ligava mesmo, em mandar 24 jovens para uma arena onde lutariam até a morte para divertimento dos cidadães da Capital, ela revirou os olhos e continuou. — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — Revirei os olhos e notei que ela havia feito o mesmo, olhei para Miles e mesmo ele não falando nada, sabia que o que ele queria, relutantemente coloquei um sorriso no rosto e olhei para a mulher, como se estivesse agradecida pelo discurso. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

Após o discurso da idealizadora ter terminado, o telão começa a tocar o hino novamente e o meu sorriso se desmancha. O capitalista aparece novamente com o mentor e o nosso prefeito em seu encalço, a essa altura meu coração batia forte de ansiedade e quem sabe, talvez um pouco de nervosismo. Olhei para meus pais e eles estavam apreensivos demais, sempre nos olhando, sempre com aquele mesmo olhar de medo, reviro os olhos com a cena. Ergo minha cabeça e olho para o capitalista com um olhar decidido, ele segura o microfone com força e sorri, olho para os envelopes e escuto o próximo pronunciamento com  atenção. — O tributo feminino do distrito 4 é nossa amada... — cruzei os dedos e fechei os olhos. Se tiver de ser, que seja.
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Mensagem por Alexei Tsar Brightthorn Ter Nov 17, 2015 11:58 pm

A Divulgação de Tributos! 100
Alexei acordara cedo naquela manhã vazia e escura do primeiro Distrito. Permanecera em silêncio sentado em sua cama por horas, com a cabeça entre as pernas e completamente enrolado por seu edredom cinza, envolto pela escuridão de seu quarto. O dia da colheita finalmente chegara e Alexei que pensou por quase um ano que levaria tranquilamente, encontrava-se entretanto em um poço de ansiedade e medo. Certamente havia se preparado, caso fosse chamado para os Jogos, mas não confiava completamente em suas capacidades. Com toda certeza não seria voluntário, ao contrário da maioria dos adolescentes do seu Distrito que adotavam tal pensamento como uma espécie esquisita de veneração. Alexei os julgava suicidas. Ocupou-se durante aquele tempo em bolar diversas estratégias caso viesse a se tornar um tributo nessa edição dos Jogos, porém encontrava-se deveras ansioso e organizar seus pensamentos nesse estado era uma tarefa complicada. O garoto voltara a deitar na cama, cobrindo todo o seu corpo pelo edredom, até mesmo a cabeça.

Como de praxe a colheita em seu Distrito seria a primeira de toda Panem a ser realizada, por volta das dez horas da manhã. Alexei julgava ter cerca de meia hora ou mais ainda sozinho no quarto antes que sua avó viesse lhe acordar, mas assim que ouvira o barulho das escadas rangendo e do caminhar arrastado da velha senhora soube que já não havia mais tempo. Quando a porta do seu quarto abrira, imediatamente fingiu estar dormindo. Conseguia ouvir os passos curtos de sua avó arrastando-se pelo chão liso de madeira de seu quarto, não estava preparado para ver o olhar preocupado que a senhora lhe daria, mas já não havia outra saída. Teria que enfrentar o dia, e tentaria com todas as suas forças não deixar transparecer a explosão de sentimentos turbulentos que agitavam seu peito. Não queria preocupar sua avó, não ligava para mais ninguém além dela. Sentiu uma mão em sua perna e imediatamente soltou um gemido, como se não quisesse levantar. A verdade é que não via a hora de sair daquela solidão que a cama lhe trazia, mas continuaria com seu teatrinho matinal.  Quando finalmente abriu os olhos encontrara sua avó lhe olhando com um sorriso leve e um olhar semicerrado, a expressão da velha senhora lhe passou certa calma, o que certamente precisava naquele instante. - Pronto? - O tom de Crysanthe saiu um pouco mais alto que o normal, e Alexei soube reconhecer uma tentativa falha de tentar esconder a preocupação que ela sentia. Sorriu, e mesmo tendo cem por cento de certeza de que não estava nem um pouco pronto, preocupar sua avó com suas angústias era a última coisa que faria. – Seja o que for, estou pronto. – Sabia que aquilo era uma mentira, mas sabia também que tinha que ter algo para se agarrar. Permitindo-se o que pensara ser seu único momento de fraqueza do dia Alexei abraça sua avó, e naquele gesto silencioso e rápido depositou na senhora tudo aquilo que passava em sua mente, suas despedidas mais sinceras e todo o seu amor acumulado durante os seus dezesseis anos de existência. Sabia que se fosse sorteado como tributo não conseguiria dizer adeus a Crysanthe, que era a única pessoa com quem se importava.

– Não vou negar vó, eu treinei algumas vezes, mesmo sendo proibido. Mas desde os primeiros Jogos nosso Distrito tem o centro de treinamento ilegal, então acho que já não é tão ilegal assim... Sabe? – Estava com a boca cheia de torta de maçã, uma de suas comidas favoritas, especialidade de Crysanthe em quase todos os cafés da manhã. Fazia cerca de dez minutos que saíra do quarto e fora comer na cozinha, e não surpreendeu-se ao ver que sua avó tinha lhe preparado todas as guloseimas que gostava de comer pela manhã. Comia compulsivamente, como sempre fazia quado sentia-se ansioso. Uma de suas tentativas de usar o externo pra preencher as falhas do interno. Subitamente Alexei sentira que estava prestes a vomitar. - Confio em você, Alexei. Você é capaz e sabe disso. E quanto a seu pai? - Ao ouvir a pergunta Alexei ocupou-se em colocar mais torta de maçã na boca, mesmo que já não houvesse tanto espaço. O que tinha seu pai? A última vez que o tinha visto ele estava bêbado jogado em algum canto da praça, pedindo esmola pra qualquer um que cruzasse seu caminho. Naquela situação nunca diriam que o homem fora certa vez um pacificador de grande respeito por toda Panem. – O que tem meu pai? – Falava com dificuldade, ainda mastigando a torta. Notou o olhar leve de sua avó transformar-se em algo entre o melancólico e o preocupado. – Olha vó, graças a ele eu tive uma bosta de infância. Não quero te ofender, longe disso, mas a senhora sabe muito bem que meu pai já não é a criança que um dia você criou. Você me salvou de um monstro. Se eu parar na arena ele nem vai sentir minha falta, provavelmente vai estar bêbado demais pra sequer entender qualquer coisa ao redor. – Entrara na defensiva, como sempre fazia quando o assunto era seu pai. Não queria mais nenhum tipo de contato com ele. Arrependera-se assim que acabou de falar. - Eu sei Alexei... Mas é que não importa o que ele seja, ainda é seu pai. Você tem que aprender a perdoar garoto. E sinceramente? Eu também. - A fala de sua avó o deixara sem reação. Se ela ao menos soubesse... Mas não. Sabia que a violência que sofrera de seu pai era um segredo que levaria para seu túmulo. – Vamos pra praça, as filas da coleta de sangue já devem estar se formando. –

Morava duas ruas atrás da praça central, onde a colheita anualmente acontecia. Logo ao sair de casa já conseguira ouvir o movimento nas ruas. Crianças caminhavam grudados com seus pais, os mais velhos andavam sozinhos pulando e brincando uns com os outros. Olhara diretamente para aqueles garotos, os que treinavam para os Jogos como uma espécie de religião, e tudo o que conseguira sentir fora uma mistura leve de ódio e pena. Em cinco minutos estava de pé na praça, já na fila da coleta de sangue. Não se despedira de sua avó, como sempre fazia durante as colheitas. Os dois tinham um combinado antigo de que só se despediriam caso Alexei fosse sorteado como tributo, no tempo que é dado para as crianças com seus familiares antes de embarcar para a arena, caso o garoto não fosse escolhido os dois voltariam para a casa tranquilamente e comeriam bolo como se nada tivesse acontecido. A fila seguia aos poucos, devidamente organizada pelos pacificadores. O garoto permanecera a todo momento encarando seus pés, perdido em seu usual turbilhão de pensamentos. Ao chegar sua vez limitou-se em estender o braço para a pacificadora que recolhia o sangue, sem nem ao menos manter contato visual. Não sentira a dor da picada, apenas seu dedo indicador ficando úmido devido ao sangue saindo. Seu dedo fora pressionado contra um livro e logo ele pode seguir para a praça. Acomodou-se no centro, já que era novo demais para ficar na frente e velho demais para os fundos. Estava no meio de garotos altos demais e fortes demais para ter dezesseis anos, sentia-se como uma formiga entre abelhas. Ou no caso, zangões. Prendeu-se as memórias de cada treino que fizera e aos poucos levantou a cabeça, encarando o palco.

O representante da Capital no Distrito era uma mistura entre o masculino e feminino, usava saltos altos demais e tinha o cabelo em um tom de rosa que julgou ser forte e chamativo. Gloom, a mentora e última campeã do Distrito, parecia séria de longe. Conhecera a mulher pessoalmente, mas só conversaram poucas vezes. Sabia que ela deveria estar sorrindo por dentro, ansiosa pra ver mais cabeças rolando. Ignorou o prefeito, que parecia sonolento e entediado. Assustou-se com o hino, que começara subitamente. O falatório parara e a grande maioria prestava atenção no que aparecia no telão, Alexei voltara a encarar seus pés tentando se desconectar de tudo e todos ao seu redor. Pouco tempo depois pode ouvir uma voz esganiçada falando no microfone e julgou que o, ou a, representante começara a falar. Odiava aquela frase sobre sorte que os Capitalistas diziam, e cruzando os braços Alexei sentiu que definitivamente a sorte nunca estivera a seu favor. Pelo menos não conseguira se lembrar de um momento. Voltou a sua atenção pro documentário habitual que agora passava no telão. Tal documentário recontava insistentemente a história de Panem, induzindo os moradores do Distrito a pensar que a rebelião que acontecera a mais de cem anos atrás ainda era culpa deles. Alexei sabia que não era bem assim, e certamente a lendária Katniss Everdeen concordaria com ele.

Após Alexei ouvir os aplausos do Capitalista o garoto soube que a hora dos tributos chegara, passou o peso do corpo da perna esquerda para direita e ocupou-se em contar as rachaduras no chão da praça. Queria correr, entrar pra floresta e sumir de vez. E de fato já tentara fazer isso uma vez, mas como não dera certo sabia que não conseguiria de novo. Assustou-se, outra vez, com o barulho vindo do telão. – Mas que droga... – Murmurou, tentando não chamar atenção daqueles ao seu redor. Aquilo era novo. E algo novo vindo da Capital nunca pode ser bom.

Encarava uma mulher jovem e morena no telão, muito bonita, mas ainda assim um tanto quanto artificial demais. Os primeiros minutos do discurso eram informações desnecessárias vindas de uma pessoa fútil que não conhecera nada na vida além de dinheiro. Testemunhava ali o modo mais puro de psicopatia, e por dentro sentiu a raiva crescer em relação a indiferença da mulher sobre os Jogos. Sobre as mortes nos Jogos. Pra variar ela, uma Capitalista, parecia estar se divertindo. Encarou o palco ao ouvir a mulher explicar sobre como funcionaria a colheita naquele ano. Vasculhou cada detalhe até notar a falta dos globos de vidro, em seus lugares havia apenas uma mesa larga que certamente não estava ali na edição passada. Encarou Gloom, a mentora, e sentiu-se aliviado em saber que até mesmo ela parecia surpresa. Tentou procurar também sua avó, em busca de algum olhar de reconforto, mas não a encontrou em lugar nenhum. O que aquilo queria dizer? Suas chances então diminuiriam, certamente, já que era um voto popular em uma cidade imensa. Ou será que não? Tentou desconectar-se do mundo outra vez, mas uma enxurrada de pensamentos insistia em invadir sua mente. Sentia-se perdido. Sentiu náusea. Voltou a encarar os pés. O hino de Panem voltara a tocar, mas Alexei estava ocupado demais tentando imaginar se realmente teria chance em uma situação nova como aquela. Tentou lembrar-se de quando o Presidente Arthur assumiu e aquela informação lhe fora dada, mas sua memória era fraca demais.

A voz esganiçada estava outra vez no microfone. Respirou fundo ao ouvi-la começar a anunciar o tributo feminino. – Que seja, estou pronto. – Disse baixo tentando acalmar-se. Confiava em si, confiava em seus treinos. Estava pronto pro que quer que viesse a acontecer.
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Mensagem por Harvey S. Macht Qua Nov 18, 2015 3:41 pm

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The Reaping
O quarto estava mergulhado na penumbra. Mesmo sendo onze horas da manhã. Harvey observava com uma expressão vazia a pequena aranha que “morava” no canto do teto, o garoto não podia deixar de sentir uma inveja louca e selvagem daquele aracnídeo.
A aranha podia dar-se ao luxo de ficar tecendo a sua teia despreocupadamente, a sua vida não estava em perigo ou na possibilidade de estar em perigo. Já a vida do garotinho ruivo dependia da sua sorte na colheita ou no caso a sorte de quem mora na capital não ter votado nele. Ah a sorte tão rara e tão frágil para quem nasceu no distrito 12.

O ruivo levantou da cama e foi se preparar para a colheita. Vestiu umas calças de tecido fino escuro, uma camisa bege e calçou os sapatos. Em seguida olhou para o pedaço de espelho quebrado que tinha no quarto, a criança que olhava atentamente nem parecia a mesma criança que normalmente vagava pelo distrito de tão aprumado que estava e desceu para comer.
-Oi- tentou sorrir para os pais.
-Oi, filho- responderam os seus progenitores ao mesmo tempo.
E começaram a comer a pobre refeição sem apetite, o humor naquela pequena casa estava igual ao de tantas outras no distrito: soturno, sem esperança. Harvey observou os pais que tentavam a todo o custo dominar as emoções. A sua mãe tão bela e radiante, delicada como a mais bela flor era agora um rosto apagado e sem brilho, o seu pai forte e sorridente apresentava uma expressão de desgosto.
-Vamos, está quase na hora- falou Patrick levantando da mesa.

A família Macht seguiu até à praça central do distrito, onde o decaído edifício da justiça se erguia agora coberto de câmaras que iriam transmitir a colheita para toda a Panem. De fato as construções em redor da praça estavam tão subcarregas de equipamentos televisivos que o jovem padeiro por uns segundos se perguntou como os edifícios aguentavam aquele peso todo.
Com a caminhada chegaram à zona da coleta de sangue, onde os jovens faziam o registro para a colheita. A mãe do garoto limitou-se a beijar-lhe a face com as lágrimas escorrendo pelo belo rosto, não era a única mãe aflita nos doze distritos, o seu pobre coração só sossegaria quando tudo isso estivesse terminado e o pequeno Harvey seguro em casa….até à próxima colheita.
O seu pai fitou-o com um ar sério e com o dedo indicador levantou a cabeça do garoto.
-Cabeça erguida- murmurou e beijou os cabelos flamejantes do garoto.

Harvey não disse nada, não sabia o que dizer. Um turbilhão de emoções assaltavam o seu pequeno coração, incluído a dúvida se voltaria a ver a família.
Avançou com a cabeça erguida para a fila, depois de o seu dedo quase ter sido arrancado pelo pacificador na coleta de sangue, seguiu para a aérea dos garotos mais novos. Apesar de ser dos mais pequenos Harvey conseguia ver o palco onde estavam Octavius, o representante da capital que tinha tanto nojo do distrito 12 como todo o mundo tem de cocó no sapato, na verdade ele deveria considerar os tributos do 12 como o seu cocó no sapato pessoal. Ao seu lado estavam o perfeito com ar de quem queria estar morto ou pelo menos em outro lugar e o mentor do distrito Spencer que tinha uma expressão zombeteira no rosto, mas lançando olhares mortíferos na direção de Octavius.

Na hora marcada às 12h45 minutos o hino de Panem começou a ecoar na praça. Na tela gigante imagens dos Jogos Vorazes menos claro, das edições onde Katniss Everdeen e Peeta Mellark tinham participado. Os vencedores banhados de riquezas e alegria.
Harvey olhou novamente para Spencer e observou o mentor, se perguntando se a alegria que o Capitol prometia aos vencedores seria mesmo verdade. Riqueza era….mas a felicidade seria?
O telão ficou negro de novo. Octavius caminhou até ao microfone tentando disfarçar com um insucesso enorme o desprezo pela multidão que se encontrava abaixo dele.

-Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! – a sua voz era irritantemente aguda- E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos.
O telão se iluminou novamente e o blá blá blá sobre o tratado da traição, apenas Octavius estava entusiasmado e Spencer observava o braço do cadeirão como se fosse a coisa mais interessante ali presente e chegou mesmo a bocejar de tédio. No fim o som de palmas desinteressadas fez-se ouvir e mentor sorriu discretamente.
Bem, agora... – Octavius começou a falar mas foi interrompido e até Spencer parecia surpreso pela interrupção.

Harvey sentiu o nervosismo crescer especialmente quando a bela mulher surgiu na tela, o instinto do garoto lhe dizia que coisa boa não podia vir dali. A idealizadora começou a falar sobre o modo de votação na capital e esmaltes, mortes, o garoto estava tao nervoso que o discurso da mulher se transformou numa enorme confusão na sua cabeça. Apenas entendeu que os envelopes continham o nome dos tributos escolhidos pela capital.
O menino engoliu em seco, tinha possibilidade de o seu nome estar ali e não estar.  A mulher sumiu e o representante da capital surgiu novemente com Spencer ao seu lado, o mentor talvez considerasse seriamente a hipótese de jogar Octavius do palco ou matá-lo ali mesmo.
O coração de Harvey quase quebrou as suas costelas quando Octavius pegou no primeiro envelope…a hora de saber a verdade estava chegando. O menino procurou os pais com o olhar mas não os encontrou.

Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito 12 é nossa amada...
O ruivo tal como toda a gente suspendeu a respiração a hora da verdade tinha chegado. A voz do seu pai ecoava na sua mente. Cabeça Erguida. E o ruivo ergueu a cabeça surpreso pelo seu gesto.


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Harvey S. Macht

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Mensagem por Inessa Newman Qua Nov 18, 2015 8:42 pm

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Inessa
Inessa acordou cedo embora não fosse necessário. Já que o dia era o da colheita e todos os distritos tinham uma espécie de “folga” das suas atividades diárias.
A garota pegou as primeiras calças que encontrou para vestir mas demorou na escolha da blusa, queria vestir uma blusa simples em tons castanhos que fora da sua avó, sempre usou nas colheitas e aparentemente com sorte pois ainda não fora selecionada como tributo.

Assim que encontrou a blusa vestiu-a e tratou de pentear o cabelo, um rabo-de-cavalo com uma trança. E saiu de casa mastigando um pedaço de pão velho, a lenhadora queria dar uma volta antes de ir para a praça. Não suportava a lamúria da madrasta a cada colheita, por isso passava mais tempo na casa dos primos.

Quando a hora se aproximou Inessa seguiu para a praça do distrito 7. Franziu o senho para as crianças impecavelmente vestidas, como se um vestidinho bem engomado as salvasse da arena. Quanta ignorância. Para quê se vestir bem para morte?
Esperou impacientemente que uma gota do seu sangue fosse retirada para o registro e saiu para a fila das garotas da sua idade. O seu estômago roncava e a garota se arrependeu de não ter comido uma tigela de sopa fria ao invés do naco de pão bolorento. Não se preocupou em procurar a sua irmã, a grande desilusão da sua vida pois a cada dia que passava ela se parecia mais com a sua mãe megera.

-Cuidado, olha onde pisa- vociferou para uma garota ruiva.
Voltou a sua atenção para o palco onde estava Caracala, a representante do distrito, a mentora Katherine e o perfeito. Inessa concentrou a sua atenção na mentora, sentia um certo desconforto ao pensar que se fosse eleita tributo pela capital, precisaria da ajuda daquela garota instável e cheia de medicamentos para não dar chilique em público. Tudo bem que ela ganhou os Jogos há duas edições …mas mesmo assim.
O hino tocou à hora marcada e os telões se iluminaram mostrando o que o mundo estava cansado de saber. A lenhadora nem prestou atenção no filme limitando-se a seguir com grande interesse uma fila de formigas que carregava comida para armazenar.
Quando o silêncio se instalou Carcala se aproximou do microfone. O seu vestido roxo e rosa choque era quase cegante de tão horrível, já para não falar da peruca branca.

Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! — a voz alegre e falsamente aguda se ouviu— E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos.
Inessa pensou que a sorte estivesse a seu favor ela tinha nascido na capital e não ali no distrito sete. Além de que se realmente tivesse sorte não tinha que assistir ao documentário medonho e entediante sobre o Tratado da Traição e afins.
Caracala ia voltar a falar mas foi interrompida e até Katherine se surpreendeu pois olhava o telão com interesse. Já Inessa se surpreendeu por estar tão interessada na causa da interrupção e rapidamente ela e os presentes descobriram a razão.

Uma bela mulher surgiu nas telas, Inessa achou a mulher uma linda perto de Caracala com o seu rosto cirurgicamente alterado e gosto para roupas algo duvidoso. Se bem que lenhadora não pudesse falar muito, mas nas Capital as pessoas tem recursos para comprar peças de roupa caras e bonitas e não os trapos que a representante do distrito sete usava.
Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia?- a da mulher voz se fez ouvir- Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel.- uma pequena pausa-Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

-Pelo amor de deus- murmurou Inessa- Panem é uma porcaria.
Depois do fim do discurso Caracala avançou até ao envelope com a fita rosa e pegou nele, regressando para junto da mentora que agora estava perto do microfone.

O silêncio na praça era sepulcral. O menor ruído poderia ser escutado a quilômetros de distância.
- Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! —começou a representante— O tributo feminino do distrito sete é nossa amada...
Inessa cravou as unhas nas mãos ao fechar os punhos. Se a blusa da sua avó fosse realmente o seu amuleto da sorte esse seria mais um ano em que a lenhadora escaparia quase ilesa às garras da Capital.

Observação:




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Inessa Newman
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Mensagem por Hayley L. McKlaus Qui Nov 19, 2015 5:21 pm

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The Phoenix

And when there is no longer memories, man show colder and impetuous. And when there is no more love, the man will become soulless, spiritless. And when there is no feeling of loneliness, the heart will be full of strength and will bring you back from the darkness of the world and make it a true warrior could lift his sword and command armies thousand.



É engraçada a forma como o tempo passa. Dias se tornam meses e meses se tornam anos em um piscar de olhos, ao passo em que permitir-se fechar os olhos torna-se uma regalia perigosa, porque afinal, o tempo passa. O tempo voa. Tanto que eu poderia jurar que ainda ontem eu estava sentada ao lado de meus pais na nossa sala de estar, com os olhos vidrados na televisão, assistindo com dor a morte do meu primo logo na primeira etapa e com rancor a vitória da garota do 11 na 134ª Edição dos Jogos Vorazes. Eu poderia jurar que um ano inteiro se passou enquanto eu me revirava na cama na noite passada. Mas o fato é que um ano inteiro se passou em mais noites mal dormidas do que eu possa me lembrar, e ao final de tudo o ciclo inquebrável regressa ao início, à uma nova etapa de ceifa. Hoje é o dia da colheita, e talvez esta seja a minha última ou talvez não, assim eu esperava. Tantas decisões importantes a serem tomadas, e tão pouco tempo para pensar. É assim que tenho a prova perfeita de que o tempo passa, e não espera por ninguém.

Após o término dos jogos lá estava novamente o sobrenome da família sendo divulgado como uma lembrança passageira. Eu me via praticamente sendo alvo de muitos fofoqueiros quanto ao saberem que a nossa família não era mais a mesma depois da morte do nosso primeiro membro a participar dos jogos, seria essa uma maldição caída sobre nós agora? Dharos era meu único primo mais próximo, por ele morar no mesmo distrito que eu e por também sermos parecidos em diversos aspectos. Ambos tínhamos o mesmo papo, gostávamos das mesmas coisas, era como se fossemos irmãos separados propositalmente por nossas mães - abri um sorriso lembrando disso - só que infelizmente não podere mais vê-lo e nem mesmo poderei conversar com ele sobre assuntos de tatuagens ou de rebeliões contra a capital.

Cá estou de frente ao espelho, mirando o meu reflexo de forma vazia, sem conseguir ver a beleza no meu traje suntuoso feito exclusivamente para a ocasião. Tudo o que vejo é a imagem de uma garota sem alma que está apenas esperando pelos momentos que virão a seguir, mas que está decidida a levar suas escolhas até o fim. Assusto-me quando ouço meu pai adentrar o recinto em trovoadas enquanto discute com seus conselheiros.
– Não me importa, apenas faça! – ele então nota minha presença no recinto e muda sua feição para a de pai coruja que me é tão mais familiar – Me perdoe, princesa, não sabia que estava aqui... Você está bela como nunca! – engulo seco enquanto fito seus olhos, forço minha fala para desembuchar o que vem me causando nós na garganta, mas minha voz me trai. Um instante depois ele já se vai, na correria que todos os prefeitos devem enfrentar nos momentos que antecedem o grande evento.

Arrependida pela minha súbita mudez, procuro minha mãe pelo edifício da justiça, mas encontro apenas um pacificador que me ordena educadamente que eu me apresse para realizar minha verificação de sangue. Assim o faço. Direciono-me para a praça e enfrento a fila de aspirantes às vagas de tributos carreiristas, e tão rápido quanto tenho minha verificação devidamente computada, pergunto-me se ainda tenho tempo de procurar meus pais para avisar-lhes da minha grande decisão. Entretanto, quando vejo meu pai assumir seu posto acima do palco montado em frente ao edifício da justiça, sentando-se exatamente ao lado da bela e infame cortadora de cabeças, desisto de voltar ao edifício e apenas me misturo ao fluxo de jovens enquanto deixo-me ser encaminhada por pacificadores até a minha posição. Minha mente está em farrapos, meus joelhos tremem e minha garganta arranha. O ruído de estática ecoa pela praça quando o pomposo representante da capital assume o microfone para se pronunciar. Ouvir sua voz afetada e entusiasmada me faz regurgitar levemente, sua aparência andrógina me faz ter ânsias e desprezo pelo mesmo. Olho para a feição séria de meu pai e perco o chão aos meus pés, ter se tornado a filha do prefeito foi algo que nunca se passava por minha cabeça. Após a morte da filha no jogo passado o antigo se suicidou e acabou perdendo o cargo dando lugar ao seu vice, o meu pai. Desvio meu olhar o encaro de forma vazia o carnaval de cores chamativas que o capitalista ostenta em suas vestes extravagantes. Nenhuma palavra do que o homem afetado diz realmente passa pelos meus ouvidos, apenas meus medos e dúvidas gritam em um tom ensurdecedor dentro da minha mente. Não fosse pelo discreto falatório que gera-se ao meu redor, não teria erguido a vista para ver que o tedioso vídeo já havia acabado e que um pronunciamento oficial do presidente Rockefeller havia sido trocado por uma outra pessoa de cabelos morenos e aparência angelical, o que surpreendeu não só a mim como à todos. . O baque que as palavras da mulher me trazia acabava me deixando com uma das maiores frustrações, não era mais sorteio e sim uma forma de votação. Fiquei boquiaberta de forma sutil e fechei minhas mãos que estavam suadas em punhos serrados, mais uma surpresa maldita daqueles incrédulos. Observo seriamente para seu anúncio até ter sido finalizado e solto uma longa e pesada respiração sacudindo a cabeça de forma reprovada para tudo aquilo.

Mais rápido do que eu possa assimilar, o pronunciamento se encerra e a cerimônia continua. Eu realmente não sei dizer se o ar ainda circula pelos meus pulmões, só sei que eu precisarei de muita força para desatar o nó em minha garganta caso eu deseje me pronunciar de alguma forma. Quando vejo o representante caminhar até a mesa central contendo o primeiro envelope com a fita rosa, sinto meus joelhos ameaçarem me derrubar. Olho para meu pai e este lança me um rápido e preocupado olhar, seu semblante mostra que ele deva estar tão apreensivo quanto eu. – O tributo feminino do Distrito 1 é... – inicia o representante, eu então forço um pigarreio e quase me engasgo na tentativa. Será que é isso? Outra vez permanecerei muda, perdendo a chance de fazer minhas palavras mudarem algo importante na minha vida? Onde está a Hayley que consegue tudo através da eloquência e rebeldia? Respiro fundo, ergo a cabeça e olho de volta para o capitalista com as palavras quase a transbordar da minha boca. O tempo acabou, garota.


Talk to: nobody music: the phoenix post: 001


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Mensagem por Josh Mouty Sex Nov 20, 2015 7:34 pm

A Divulgação de Tributos! 100
Jogos Não, Jogos Não...


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Assim que acordo, os pensamentos retornam. Os mesmos pensamentos que, se não fosse pela exaustão, teriam me mantido acordado durante toda a noite. Os mesmos pensamentos que me fazem levantar rápido e trocar de roupa.

Ando acompanhado por dezenas de jovens e até mesmo algumas crianças, mas sinto-me completamente sozinho. E aproveito disso para pensar sobre o que vai acontecer hoje. Mais especificamente, sobre o provável futuro da minha vida. Imagino como é ouvir seu nome sendo chamado, como é receber a notícia de que você terá que abandonar tudo o que viveu e ser obrigado a matar ou morrer. Fico arrepiado com o que penso e decido me concentrar única e exclusivamente no caminho que traço.

Quando chego na Praça Central, fico assustado com o número de pessoas que vejo, mas não demonstro, apenas continuo com uma expressão indiferente. Só vou poder ter alguma reação depois que ouvir os nomes dos tributos sorteados e ouvir ou não o meu nome. Por isso, permaneço desse jeito durante toda a introdução aos resultados.

Observo a representante da capital: ela usa um arco na cabeça, que imita as orelhas de um gato. Com uma camisa e uma calça, ambos brancos, ela não poderia deixar de ter acessórios para chamar a atenção: Sua peruca, rosa, é do mesmo tom que suas extremamente grandes unhas e com o sobretudo que usa. O prefeito e o mentor já usam roupas menos chamativas: terno.

Vou até um lugar onde retiram um pouco de meu sangue e, logo depois disso, vou para uma fila onde estão apenas garotos. Os mais velhos ficam na frente; os mais novos, atrás.

Fico observando o telão até o momento em que ele mostra as mesmas cenas de sempre: os distritos, a capital, os Jogos... nada de diferente. Quando isso acaba, minha atenção é atraída pela voz aguda da representante da capital:

Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! — observo seu sorriso. Ela parece tão animada quanto eu, ou, em outras palavras, nem um pouco contente — E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos.

O mesmo vídeo que vi nos anos passados se inicia, mas não presto muita atenção. A única coisa que me atrai é o discreto sorriso que o mentor expõe, e percebo que algo estará diferente esse ano, uma surpresa para nós, prováveis tributos: os capitalistas escolherão quem vai para os jogos e quem não vai.

Bem, agora... — a representante é interrompida.

Os murmúrios começam e todos, definitivamente todos, parecem surpresos. Uma mulher aparece, bonita, com uma mistura de superioridade e beleza em proporções certas.

Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — ela parece bem diferente das pessoas que falaram nas versões passadas. Um diferente melhor, arriscaria dizer. Um tom de arrogância e sarcasmo que, se não fosse pelo clima tenso, seria até engraçado — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel — ela revira os olhos pela segunda vez no dia — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

O telão toca novamente o hino de Panem e o brasão reaparece. Ao final, o som do hino é substituído pelo das palmas da representante e pelo de seus grandes saltos indo de encontro ao solo conforme ela anda, praticamente desfilando, até o centro do palco. Tento observar o máximo de suas ações para entender como ela pensa: a força que usa para apertar o microfone, o modo como olha para cada um de nós, o modo como pega o envelope preto com detalhes prateados, um brasão de Panem aparentemente de cera e uma fita rosa. Depois de ler o conteúdo do mesmo, ela respira fundo e diz:

Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — assim como ela, fico surpreso, mas por motivos diferentes: sua reação ao ler o nome da garota sem dúvidas mais azarada do meu distrito — O tributo feminino do distrito seis é nossa amada...


Legenda


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Mensagem por Jensen Grint Dom Nov 22, 2015 12:59 am

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Poder !


  O dia amanhecia e eu apenas continuava sentado em cima do telhado de minha casa. O sol aparecia aos poucos, mas as nuvens ficava atrapalhando o reflexo de sua luz, aqui na terra. Olhei de relance para as pessoas que já caminhava ao centro do distrito - principalmente para a praça, onde iria ocorrer a mais nova colheita. - Votem em mim, povo da Capital. - Sussurrei com um sorriso maligno no rosto. Esse ano - o ano em que eu mais estou preparado para a Arena - vai ser uma colheita diferente. Se eu verdadeiramente quero ir para a Arena, isso não dependerá de mim e sim das pessoas da Capital que votará em um homem e uma menina de cada distrito - menos o 13, é claro. Me levantei devagar e desci com cuidado do telhado, pulando aqui de cima mesmo. Cocei minha nuca e lembrei o que eu deveria fazer. - Tenho que ir para a praça ! - Digo com um tom de surpresa, já que o horário não estava do meu lado. A qualquer momento eles iriam começar a divulgar os mais novos tributos do 9, e eu ainda nem tinha dado meu sangue para eles coletar para a análise.


  Correndo o mais rápido possível, cheguei na praça e logo avistei o palco. Uma mulher com muito pó em seu rosto e uma peruca longa azul, estava em pé. Sentado estava o prefeito e o mentor ao lado. Assim que olhei para o telão, pude ver a imagem do brasão de Panem sendo trocada por uma imagem do mentor ao vivo. Seu rosto expressava um olha sério e sentimentos fechados. Coisas que a Arena acaba justamente afetando.


  A fila já estava no fim quando decidi entrar nela. Fiquei entre os últimos, por pura culpa de minha altura. Demorou apenas dez minutos, até que minha vez chegou. Antes que a mulher puxasse meu braço, eu mesmo entreguei e fechei os olhos. Uma dor gostosa invadiu minha mente. A dor de alguma coisa perfurando algo do meu corpo. Era o meu dedo sendo cortado por um equipamento que, veio diretamente da Capital. A mulher teve falha ao cobrir o meu dedo, pois interrompi que ela colocasse um pequeno band aid. - Deixa que eu cuido disso. - Digo piscando para a mulher e andando até o tumultuo masculino. 


  Fico olhando o hino da Capital tocar e junto deles os melhores tributos de cada edição passar. Glória, honra e poder. Era isso que eu imaginava que eles sentiam. Era assim que eu queria estar, mas para isso os capitalistas tinham que votar em mim, eles tinham que confiar em mim. 


  A representante da Capital interrompeu minha brisa com as imagens dos vencedores se repetindo em minha mente e começou a falar. - Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! - Disse a mulher com o falso cabelo e com mais pó no rosto do que sobrou em sua maquiagem. - E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos. - Assim eu espero... espero que a sorte esteja ao meu lado e eu possa ir para a Arena, ir para um domo, onde matar não é crime.


  Um vídeo foi reproduzido no telão, o vídeo que fala sobre a traição dos distritos contra a Capital. As vezes eu ficava me perguntando como eles pensaram que podiam ganhar da Capital. O lugar onde tem armas, animais e equipamentos com a mais alta tecnologia.


  - Bem, agora... - A mulher da Capital foi interrompida. Isso aconteceu de propósito e garanto que não foi causado por nenhum de nós do 9. Uma mulher muito linda - se não for perfeita por aparência - apareceu no telão. Não demorou muito o silêncio da própria e logo a tal começou um "discurso". - Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória. - Ao fim disso, minha mente ficou transmitindo suas últimas palavras: Panem é bom, Panem é a glória. 


  O hino de Panem toca e enquanto isso fico pensando em tudo o que eu enfrentaria na Arena. Se verdadeiramente os capitalistas me escolhessem, eu iria representar o 9 com a mais determinação e orgulho possível. Sem mais nem menos, a mulher pegou um envelope rosa e então fez aquela grande tensão correr no ar. Não dizia nada, apenas lia o nome que estava ali. E então... finalmente ela abriu aquela boca inútil para anunciar a tributo feminina do 9. - Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada!  O tributo feminino do distrito 9 é nossa amada... - Abri um sorriso maligno, antes dela anunciar minha provável parceira na Arena e então olhei para o grupo de mulheres roendo as unhas.







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Mensagem por Dimka Mikayda Fox Dom Nov 22, 2015 6:15 am

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O desejo de ganhar poder sempre esteve presente no coração de todos os seres humanos. A ambição é o maior defeito, e ao mesmo tempo, a maior qualidade que está alojada no coração de um indivíduo. Dimka sempre teve o desejo de crescer na vida, porém, não queria passar pelo que sua irmã havia feito: prostituição. Desde jovem, a garota repudiara as atitudes dos homens. Não se via como uma criatura inferior, muito pelo contrário. Quando se olhava no espelho, endeusava-se, via uma deusa suprema que tinha controle de tudo que estava ao seu redor.

Os raios solares penetravam pela janela, assim, abriu os olhos. Respirou fundo e fechou-os automaticamente. Durante alguns milésimos de segundos, sua mente estava vazia, mas os pensamentos surgiram logo em seguida. Revirou os olhos e se levantou, sentindo leves dores pelo seu corpo. A jovem pode ser comparada com Lilith, a primeira – suspeita-se – mulher de Adão: odiava o homem que se achava o maioral, odiava ficar por baixo durante as relações sexuais, odiava ser totalmente passiva. Ainda bem que perdera seus pais. Sua mãe lhe ensinava coisas em casa, enquanto seu pai botava a pequena criaturinha para trabalhar. Por sorte, havia adquirido muita força. Muitos homens não conseguiam vencê-la nos pequenos torneios de lutas que eram feitos – escondidos – no Distrito 7.

Caso não fosse selecionada para os jogos, ficaria aborrecida. Sempre quisera sair do distrito no qual vivia. A garota ansiava conhecer a Capital, ver um mundo novo e completamente diferente. Queria ser alvo de fotos, de fofocas e entre outras coisas... Mesmo que isso custasse sua vida. Se fosse escolhida pela Colheita, ficaria orgulhosa de si mesma. Nunca teve medo, era completamente diferente da maioria das garotas: a coragem e a vaidade estavam em seu coração. Queria mais e mais. Se a morte a consumisse, não faria falta para ninguém, afinal, toda sua família estava enterrada.

– Onde você está indo? – A voz rouca e masculina fez Dimka virar sua face, olhando um pouco para trás e vendo o homem nu. Respirou fundo. – Acho que você não sabe, mas muitas pessoas ainda não passaram dos dezoito anos. – A resposta foi completamente sarcástica. A ironia é uma parte marcante da personalidade da jovem, afinal, era sua arma favorita para desviar de uma vida repleta de sentimentos. – Hoje é A Colheita. – Levantou-se da cama e ficou de frente para o indivíduo. – Ah... – Foi a única resposta do rapaz. – Deseje-me sorte. Espero ser selecionada para essa coisa. Desde pequena e nenhuma vez deu certo. – Resmungou, deixando sua ira escapar por alguns instantes. Sentia-se frustrada, já que ansiava sair do Distrito no qual vivia.

– Isso n-não é sorte! Você pode acabar morrendo na Arena e... – Antes que o amante pudesse falar algo, a adolescente interrompeu. – Claro que é sorte. Não tenho mais família e, caso vença, serei bem famosa. – Esboçou um sorriso maroto e piscou para ele. – Bom... Pode ir embora. Não tenho mais tempo pra transa. – Deu a ordem e viu o cara levantar e vestir suas roupas. – Nos vemos depois... – O mesmo se aproximou, pronto para beijar Dimka, todavia, ela se afastou. – Mandei ir embora, não? – Ergueu a sobrancelha direita. – Está me atrasando. – O tom de voz era autoritário. Sorriu ao ver o indivíduo bufar e se afastar. – Assim está melhor... – Aproximou-se do espelho meio sujo, e, assim, analisou sua imagem.

Seu sutiã e sua calcinha estavam cobrindo as partes íntimas dela, contudo, traziam um ar completamente sensual para a jovem. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados por causa do sono. Sua pele era linda e completamente bela, combinando com o tom de pele de toda a população do Distrito 7... Ou pelo menos, combinava com a maioria das pessoas. Caminhou até o banheiro e ligou o chuveiro. A água fria saiu pelos buracos e acabou atingindo a garota, fazendo com que um gemido baixo escapasse dos seus lábios. Suas roupas íntimas estavam em outro lugar, dentro do cesto de roupa. Respirou fundo, tentando acalmar sua respiração ofegante, afinal, a água estava gelada. Fechou os olhos por um momento, e em seguida, pegou o minúsculo sabonete e deslizou pelo seu corpo, ensaboando cada parte de forma cuidadosa. O shampoo (feito com algumas ervas da floresta) foi utilizado em seus cabelos.

Assim que terminou, enrolou-se numa toalha e ajeitou-se de forma perfeita. Vestiu a “roupa padrão”, ou seja, a vestimenta que todo cidadão humilde do Distrito 7 vestiria. A pobreza andava pela região, por isso, quando se ajeitava para A Colheita, parecia um show de cafonice.

Saiu de sua moradia e caminhou até o local onde ocorreria o evento que deixava qualquer pessoa com medo, exceto Dimka. Queria tanto ser selecionada, queria mudar, queria morrer por algo que considerava divertido. Muitos achavam que a morte dos tributos era completamente triste e inútil, mas a adolescente via de outra maneira. Várias outras pessoas caminhavam para o local que controlava as vidas de Panem. Parecia um apocalipse zumbi, onde todos caminhavam na direção de algo que chamasse a atenção.

Assim que chegou, entrou na fila indiana. Estava longa, porém não estava com muita pressa. O sol atingia as partes expostas de seu corpo, fazendo com que a sua pele ardesse um pouco. Quando chegou a sua vez de tirar o sangue, encarou o rapaz que estava fazendo seu serviço e levou a mão para frente. – Vocês demoram demais, precisam de ajuda? – As palavras escaparam de forma ríspida, e então, um sorriso debochado surgiu em seu rosto. Uma careta apareceu na face do homem que retirava o sangue. – Vai doer um pouquinho... – Disse de forma sádica, e então, espetou o dedo da mulher com um pouco de força. Dimka mordeu seus lábios rapidamente, engolindo a reclamação que qualquer pessoa faria. – Nossa... Não doeu. – E então, ficou de costas e andou até o lugar onde deveria ficar.

A sua fila estava organizada. Olhou para o telão e ergueu uma das sobrancelhas ao ver as pessoas que estavam no palco logo em seguida. A mentora, a criatura da Capital e o prefeito. Desde pequena, Dimka sempre perguntou para si mesma qual era a função do prefeito do Distrito. O homem não podia fazer nada. Só estava ali para arrancar dinheiro de Panem? Não se importava, porém era curiosa e sempre quisera saber sobre a vida financeira do “membro importante”. Odiava os representantes daquela situação, com exceção da idealizadora. Adorava analisar os estilos exóticos que passavam pela região com o passar dos anos. Caso alguém utilizasse uma peruca roxa no Distrito 7, acabava se tornando vítima de piadinhas, algo que irritava Dimka.

De repente, o hino de Panem inundou o local do evento. O silêncio surgiu imediatamente, algo que fez a jovem erguer uma das sobrancelhas. As pessoas eram facilmente manipuladas naquela situação, afinal, quase toda a população do seu distrito não tinha conhecimento. Pouquíssimas pessoas frequentavam a escola, entretanto, esse não era o caso de Dimka. Seus pais colocaram a criança para trabalhar desde cedo. Não sabia ler e só sabia contar até o número vinte, porém, ninguém sabia disso. Fingia ser culta, afinal, adorava ser o centro das atenções. Era uma vadia de carteirinha. Analisou as imagens que eram passadas no telão, e então, revirou os olhos. Odiava essa enrolação. Queria saber se seria selecionada ou não, já o resto não tinha importância. Sua vida poderia mudar a qualquer segundo.

Quando todas as imagens acabaram, a voz do capitalista surgiu de forma repentina, fazendo com que toda a população dali focasse a atenção nele. Piscou algumas vezes e ficou no homem da Capital, escutando-o atentamente, mas quando percebeu que o discurso seria o mesmo, acabou bufando e olhou ao redor, procurando alguém que reconhecesse. Suas amigas já tinham 19 anos e não precisavam passar pela mesma situação de Dimka (que queria sair do Distrito o mais rápido possível). A garota não pode ser analisada pela psicologia, ela contradiz os padrões que todos seguem. Não deveria sentir medo? Sim, claro que sim! Mas... Ela estava alegre, torcendo para que pudesse sair do inferno no qual estava vivendo. Queria viver, não sobreviver. Desejava um mundo repleto de luxo, mesmo que durasse por apenas alguns segundos.

Uma mulher de cabelos castanhos surgiu. Dimka respirou fundo, focando na mesma. O seu discurso era repleto de sarcasmo e “metidez”, algo que fazia a garota revirar os olhos. – Que nojo. – Sussurrou para si mesma, dando de ombros. Detestava pessoas metidas, pelo menos, mais metidas do que ela mesma. – Ufa, ainda bem que falou pouco. Tenho que fazer minhas unhas. – Falou baixinho, mas deixou algumas garotas escutarem. O sorriso maroto escapou de seus lábios. Com a última frase da criatura, acabou virando o rosto e olhando a garota do seu lado, que nem mesmo conhecia. – Ela está parecendo aquelas pessoas religiosas. Pelo amor de Deus! Que clichê. – Deu de ombros e focou-se na “madame” que estava em cima do palco. Voltou os seus olhos para a mentora, vendo os cabelos castanhos e a expressão séria da mulher que sobrevivera aos jogos.

O hino toca novamente, e então, o medo preenche o ar, mas Dimka não é atingida por essa situação. Era ousada até demais. Quando o hino desaparece, o representante da capital caminha, e junto dele, está o prefeito e o mentor. Semicerrou os olhos, tentando enxergar o que a pessoa estava segurando, e então, viu o papel rosa. – Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! – A garota revirou os olhos. Ele não conhecia ninguém, mas falava como se fosse amigo da pessoa que seria selecionada. Levou a unha do dedo indicador da mão direita até a boca e então, começou a roer, deixando a ansiedade tomasse conta. Que seja, que seja eu!, pensou, ficando um pouco desesperada. – O tributo feminino do distrito 7 é nossa amada... – As pessoas estavam tremendo, estavam assustadas. Quem seria a próxima pessoa a ser levada pela morte?

Dimka não se importava, a garota queria ser selecionada. Para ela, a morte era uma escapatória. Havia assassinado sua irmã, por isso não era tão sensível. Ainda conseguia notar a diferença entre o seu passado e o seu “eu” do futuro. Antes era uma garotinha assustada e mimada, mas havia mudado. Era mais decidida e rígida, contudo, continuava mimada. Queria mudar de vida, queria conhecer o mundo e descobrir coisas novas... Mesmo que a sua vida fosse o preço para adquirir o que desejava.

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Mensagem por Sylvanne Rohrbach Dom Nov 22, 2015 12:32 pm

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wild sylvie appears

Sylvie abusa do porte artístico. Suas roupas costumeiras beiram o bizarro usual da Capital: adereços multicoloridos no cabelo, maquiagem pesada e brilhante excessivamente, tecidos leves que são carregados com facilidade pela brisa, deixando à tona todo o seu corpo curvilíneo e da cor do pecado. Adicionalmente, a drag queen veste lingerie por baixo da transparência, exuberando as lantejoulas prismáticas do sutiã e da calcinha com o conteúdo forjado a partir da técnica de enchimento e tuck, respectivamente.

Conseguia sentir o metal frio penetrando sua pele e sua extração dolorosa que o fez mordiscar os lábios tingidos em rosa-chiclete. Consecutivamente, aderiu os filetes de sangue que evadiam pelo dedo em um torrencial em um papel, demarcando sua assiduidade. Erguendo os olhos, a figura do possível futuro mentor estampando um telão a fez ignorar a dor momentaneamente. Se imaginou no lugar de Niko. Muito provavelmente, haveria mais brilho do que a face ranzinza do vencedor do distrito dez poderia suportar.

Um estrondo repentino deu início ao hino de Panem. Enquanto os demais convocados à colheita se configuravam em um arranjo respeitoso com a mão direita, a alojando no peito, Sylvie disparou pelos corredores que a divisão de gêneros fornecia. Entre toda a plateia organizada em tons frios e fenecidos, uma única silhueta policroma dava piruetas. Os cabelos constituídos por queratina artificial semelhante ao plástico se dispersavam no ar em cada giro, espalhando glitter pelo chão de concreto.

O âmbito funeste teve uma singularidade que tomou toda a atenção até ser paralisada por um taser de um pacificador. A eletricidade arrebatou os pelos desbotados da drag queen e a expurgou diretamente no piso da Praça. Enquanto os vencedores das edições passadas dos jogos eram exibidos para toda a população distrital, Sylvanne recuperava as energias, estirada no chão, paralisada. Alguns olhares de escanteio a repudiavam, enquanto outros prendiam o gargalhar com a força dos lábios. A performer somente era capaz de experimentar o peso do glamour sob seu corpo inerte.

Ouviu, então, a saudação de uma habitante da capital. Fez questão de ignorar o discurso que já sabia de cor, assim como o documentário projetado no telão. Um único fator a fez desbotar e perder o pique de sorrir mesmo do chão: a escolha de tributos pela capital e a ausência definitiva de voluntários. A voz feminina se instaurou logo após o término da exibição do vídeo. Sylvie estava perdida e confusa. Sua afortunada oportunidade para a fama e toda a sua preparação haviam sido em vão. Esperava, ao menos, ter sido a escolhida.

Os passos agressivos do representante da Capital ecoaram por todo o recinto aberto pela altura exorbitante do microfone. Forçando o olhar, notou a falta dos típicos globos de nomes dos tributos. Quando o lacre de um envelope se rompeu, o coração de Sylvie parou.

— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — disse o representante, perplexo — O tributo feminino do distrito dez é nossa amada...

— VAI LÁ, SEALY BICHA! — Sylvanne berrou pela multidão à amiga grávida com a voz rouca e com a boca torta, ainda extasiada pelo recebimento de eletricidade estática no corpo.


get up. look sickening and make them eat it. IT'S SYLVIE, BITCH
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Mensagem por Raymound H. Souller Dom Nov 22, 2015 11:13 pm

A Divulgação de Tributos! 100

Colheita
This is the capital
Acidentes acontecem, e quando se vive no distrito que mexe com mutações genéticas, esses acidentes podem gerar muitas complicações. Os pais de Raymound viviam de maneira quase miserável e trabalhavam em um dos laboratórios mais bem vigiados pela capital. Regularmente eram ameaçados por pacificadores por receberem informações importantes que não poderiam ser vazadas de maneira alguma, além de trabalhar praticamente o dia inteiro por poucos recursos que mantinham eles e o pequeno garoto vivo. Eram raras as vezes que passavam fome, mas nunca chegaram a sofrer risco de morte por tal razão. Mesmo assim, os riscos que seus trabalhos apresentavam não faziam valer o pão de cada dia.

Poucas semanas antes da colheita, um acidente envolvendo um projeto cujo nome não fora liberado acabou atingindo o setor de trabalho de seus pais. Estes, contaminados com o protótipo não finalizado, foram isolados e colocados em observação por uma semana inteira. Muitos dos trabalhadores infectados morreram, e dentre eles, seu pai. A cura parcial, entretanto, ficou pronta antes que sua mãe morresse. A senhora foi tratada como uma das cobaias do primeiro projeto de cura que não apresentou resultados muito positivos. Mesmo voltando para casa, não tinha mais forças para ficar mais do que três minutos em pé.

Quando a cura oficial foi lançada, esta exigia um tratamento com duração de dois meses que custava mais do que a maioria dos trabalhadores podia pagar. Como resultado, sua demissão fora anunciada e sua vida se resumia a ficar deitada ou sentada o dia inteiro sendo auxiliada por seu filho e alguns poucos amigos que demonstravam lealdade ou dó mediante sua situação precária.

Finalmente chegado o dia da colheita, Raymound acordou cedo para checar as condições de sua mãe antes de se arrumar. Não via motivos para ser escolhido pela capital, mas não duvidava da crueldade das pessoas que lá residiam. Sabia que se fosse escolhido tinha que vencer. Sabia que se sobrevivesse, poderia voltar e bancar o tratamento que sua mãe necessitava para voltar a ter uma vida digna. Por outro lado sabia que suas chances de conseguir sobreviver eram minúsculas e temia ser chamado por ter que deixar a mulher que havia lhe concedido a vida sozinha sem nada nem ninguém. Sabia que se fosse o caso, ela acabaria morrendo junto com ele.

Ao terminar de se arrumar, caminhou até sua mãe antes de sair e colocou o sorriso mais sincero que conseguia, escondendo quase que por completo o medo e a intensa tristeza que sentia naquele momento. Passando as mãos pelos cabelos da mulher, acariciou-lhe o rosto dando em seguida um pequeno beijo em sua testa febril. Segurando firmemente a mão da senhora que apenas o encarava com um semblante de agonia e um sorriso claramente forçado.

— Querido... Não tenha medo, não será escolhido. Já me tiraram muitas tudo, menos você. Não seriam maldosos a esse ponto... — falou a mulher com certa dificuldade. O garoto sabia que sua mãe iludia apenas a si mesma com esta mentira, mas em respeito, apenas assentiu parecendo concordar.

— Não tenho medo, mamãe. — mentiu. — Tenho que ir pra não me atrasar, mas logo estarei de volta para cuidar da senhora. — prometeu, beijando sua mão logo em seguida.

●●●

Após a eventual coleta de sangue dos possíveis tributos, Raymound caminhou em uma fila indiana até chegar ao local indicado para garotos de sua idade. Ficava praticamente no meio dos demais tributos, mas ainda podia ver claramente o grande telão na praça. O céu acima deles estava acinzentado, deixando o clima ainda pior do que já era de costume. Não demorou até que as imagens começassem a surgir acompanhando o hino de Panem. Após o brasão e a música, o silêncio dominou o local por alguns momentos. A capital insistia em mostrar imagens de todos os distritos e seus ganhadores sorridentes, assim como a imagem de jogos passados que assombravam os pesadelos de muitos.

Ao fim de todo o ritual de sempre, o capitalista em roupas gritantes tomou o microfone sorrindo como se aquele fosse o momento mais feliz do ano. ”Malditas máscaras vestidas pela capital...” – pensou o pequeno garoto esperando as primeiras frases que os recepcionaram. Ao fim dessas, mais imagens surgiram na tela falando da história de Panem, servindo de exemplo a todo e qualquer revolucionário para que estes pensassem duas vezes antes de desafiar a grande soberania capitalista. Neste foi anunciado o novo jeito da capital para escolher seus tributos. De agora em diante eles seriam literalmente escolhidos por votação, o que deixava tudo ainda mais cruel do que já era.

Antes que o capitalista pudesse completar uma frase, uma voz surpreendeu a todos. Uma voz feminina. A atenção de todos se voltou para o telão onde o pronunciamento começava.

— Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — a idealizadora revirara os olhos. — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — prosseguiu revirando os olhos. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

— Obrigado por esclarecer as coisas... — murmurou Raymound em uma altura inaudível.

O brasão de Panem desapareceu junto com o hino e o capitalista à frente aplaudiu mais uma vez. Desfilando até o centro do palco, até uma mesa com dois envelopes, este sorriu mais uma vez e agarrou o envelope com fita rosa, rompendo seu lacre e lendo o nome ali contido.

— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito 5 é nossa amada...
The beginning of the end ♦ Raymound
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Mensagem por Phillip Harper Seg Nov 23, 2015 8:09 pm

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Choices

Etapa 1 - A colheita


O dia fora anunciado pelos raios do sol que infligiam sob o tecido acinzentado da cortina de meu quarto. Meus olhos logo se reforçaram em um movimento tênue de despertamento e meu tronco lutava para se desgrudar da espuma de minha cama. Era difícil, com o fato de que aquele dia não devesse existir.

Assim que sentei na cama, pude sentir aquela mesma sensação de embrulho no estômago das outras cinco vezes que taxei aquele dia de "O pior dia para se viver em Panem", agora qual era este dia? O dia da colheita.

Sei que pode ser egoísmo de minha parte, mas ser escolhido para os jogos não mudaria nada, pois eu não teria alguém que sentisse minha falta ou se quer, torcesse por mim, isto seria trágico se não fosse cômico.

Ergui-me, finalmente, de minha cama e abri a pequena cortina enquanto permanecia seminu. A luz solar tocou minha pele e cegou-me por poucos segundos. Assim que meus olhos se acostumaram com a inebriante luz, voltei minha atenção para minhas vestes que se postavam sob uma pequena cadeira ao lado de minha cama. Assim que terminei de me vestir, passei para a cozinha - um dos três comodos de minha pequena casa - e preparei  um rápido café saturado - por falta de filtro - e um pão com manteiga, que inclusive, era raridade em meu distrito.

Antes de sair porta a fora, posicionei a camiseta cinza que vestia para dentro da calça branca e penteei os rasos fios de cabelos que estavam espetados sobre minha cabeça.

Assim que fechei a porta atrás de mim, pude notar a presença de muitos outros "sortudos" daquele dia perante minha casa, se deslocando com desafeto até a praça central. Adentrei a procissão, me igualando aos outros jovens, com a mesma feição de pavor e roupas fajutas.

A multidão imatura, caminhou por três longos minutos, até que um palanque e uma fila, pudessem ser avistados dentro de um cercado assustadoramente metálico e envolto por dezenas de guardas da capital.

A fila tinha recém sido organizada, por ordem de idade - os mais velhos à frente e os mais novos ao fim - Desloquei-me até a metade da fila e perguntei a um jovem parrudo e baixinho se ele tinha dezessete anos. Ele não respondeu, somente um suspiro se libertou dentre seus lábios, até que tomei aquilo como um "sim". Postei-me logo atrás do rapaz, iniciando a espera para a coleta de sangue.

Assim que a fina e breve agulha perfurou a ponta de meu indicador, senti um leve alívio, pois aquela dor me desconectara do sofrimento em minha volta. O coletador fez com que meu sangue fosse esfregado em uma folha onde estavam listados meus dados, completos. Fui liberado para adentrar o cercado, assim que o coletador chamou o próximo jovem.

Caminhei até a terceira fileira, onde os jovens de dezessete anos do Distrito 12 aguardavam - assim como os outros - o inicio da colheita.
A ansiedade misturou-se com o pavor. Os batimentos aceleravam a cada minuto e aquela mesma adrenalina da caçada tomava conta do meu corpo.

Ao meio dia e quarenta e cinco, o hino de Panem assustou alguns dos jovens que ali devaneavam, inclusive a mim. Assim que o hino cessou, as melhores cenas dos antigos jogos - exceto os que Katniss participou - mostraram-se à todos em sincronia com a repetitiva e excêntrica história de Panem:  “Do Tratado da Traição. Como punição pela revolta, cada um dos 12 Distritos devem providenciar uma garota e um garoto com idade entre 12 e 18 anos para a Colheita.
Esses Tributos ficarão sob custódia da Capital e serão transferidos para a Arena, onde lutarão até a morte, até que reste somente um vitorioso. De agora em diante, e para sempre, este campeonato será conhecido como: Jogos Vorazes."

Assim que o breve documentário irritante termina, o capitalista aplaude e alguns jovens o acompanham em baixos e desanimados aplausos.
Os aplausos cessam e o representante inicia o seu metódico anuncio anual, porém é interrompido pelo brasão de Panem na tela e o hino nos altos falantes.

Uma mulher com cabelos morenos, com um sorriso sereno, até mesmo angelical, que vestia um belo vestido vinho, com detalhes em flores, ela observava a todos com serenidade. A mulher não teve muito desprezo, que era comum aos idealizadores, já que os tributos seriam submetidos ao caos, ao inferno de uma Arena. A mulher então se pronunciava.

— Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — A idealizadora revirara os olhos. — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — Charlotte revirou os olhos. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

O telão toca novamente o hino de Panem, enquanto o brasão de Panem aparece, e apaga-se e o representante da Capital bate palmas novamente, com seus salto desfila até o centro do palco, o prefeito e o mentor - Já conhecido por mim, como Spencer - em seu flanco. O  representante segura o microfone com afinco, como se sua vida estivesse em jogo, seus olhos bicolores fitam a multidão de jovens que estão cada vez mais ansiosos. Naquele ano, o palco habitual, não tinha globos. Tinha apenas uma mesa, com dois envelopes. Os envelopes eram pretos, com detalhes em prateado, com o brasão de Panem em cera, um lacre, uma fita rosa e um com fita azul. O representante então pegou o envelope com a fita rosa. Quebrou o lacre de cera e disse por fim ao ler o envelope:

— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito 12 é nossa amada...

Observação:

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Mensagem por Brahms Hool McKnight Ter Nov 24, 2015 4:21 pm

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O prazo vai até dia 26/11! Quem ainda não postou é bom correr.
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Mensagem por Gwen V. M. Price Ter Nov 24, 2015 5:51 pm

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Assim que a loira abrira os olhos sentira uma forte pressão no interior de sua cabeça. Coçou os olhos, murmurando xingamentos para si mesma enquanto seu corpo relutava a se levantar da cama fina do porão, onde passara sua última noite. Talvez uma de suas últimas noites em casa e nem isso amolecera os corações de pedra dos pais que a criavam, deixando-a no frio e desconforto, tomada de puro medo da escuridão.

Os hematomas em seu rosto pareciam um tanto mais fracos, o que fez com que Gwen soltasse um suspiro de alivio ao se encarar no pedaço quebrado do espelho que se encontrava em seu banheiro. Não pareceria tão quebrada e indefesa aos olhos da Capital se parecesse saudável. Ao descer as escadas estreitas de madeira seus pais pareciam ter pensado o mesmo que ela. Visuavelmente saudável, nada que pudesse prejudicá-los.

Com a cabeça baixa andou até a mesa, sentando-se em frente ao prato vazio de comida. Após longos minutos de silêncio e de profundos olhares, tanto de análise quanto de reprovação, meio pão fora colocado nas mãos da garota, a qual o comeu sem pestanejar ou pensar em sua educação. Deliciou-se com o crocante da casca, aprenciando ainda mais a massa macia e saborosa do interior, quase se esquecendo da presença dos monstros ao seu lado.

— Se você for chamada hoje, Violet, espero que não me desaponte — disse Phlox, referindo-se a jovem pelo seu segundo nome, como sempre fez. — Deverá ganhar e orgulhar a Capital. Seja a vencedora que eles adoram, seja a filha que eu sempre sonhei.

— Não me chame de Violet. — Ela suspirou logo após terminar de engolir o último pedaço da sua primeira refeição do dia. Levantou-se com delicadeza, levando a louça suja de toda a família até a pia e começando a lavar. — As chances de que eu seja chamada são mínimas.

— Mesmo mínimas ainda são existentes. — Interrompeu Liatris, pegando de uma sacola no chão um vestido florido, belo como os usados pelos moradores de classe alta. — Use isto. Impressione, atraia patrocinadores. Utilize esse rosto bonito para algo, já que nada além disso poderá ser usado a seu favor. Deixe os cabelos soltos e passe as pétalas sobre os lábios.

Ela assentiu, ouvindo as ordens de sua mãe com atenção. Odiava seus pais, mas temia desobedecê-los em qualquer quesito. Cuidou ao guardar as louças, pegando a sacola do chão e voltando a subir a escada estreita em direção a seu quarto, onde terminaria de se arrumar.

. . .

— Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! — A voz do atual representante dos Jogos fez com que Gwen estremecesse. Era a voz que logo definiria qual das famílias seria desmembrada, quem entre os adolescentes seria enviado para uma terrível batalha até a morte. — E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos.

A loira se localizava entre outras jovens de sua idade, observando todas as cenas que passavam no telão sem perder o foco. Seriam escolhidos por moradores da Capital, afinal de contas, e isso fez com que Price sorrisse. Nunca fora a favorita de ninguém, então provavelmente fora brutalmente descartada da possibilidade de ser mandada para os Jogos Vorazes.

— Bem, agora... — O representante começara a falar, mas logo se calou.

Fora interrompido por Charlotte, uma das idealizadoras mais amadas e conhecidas dos atuais jogos. Seu sorriso sereno poderia enganar a muitos, mas a crueldade dentro de sua íris era evidente. Ela caminhara até o centro do palco, surpreendendo até mesmo Elijah, o mentor que cuidaria dos escolhidos. Uma presença inusitada, sem dúvidas.

— Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — A idealizadora revirara os olhos, fazendo com que Gwen balançasse a cabeça em desaprovação. Fútil. — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — Charlotte revirou os olhos novamente, o que irritara profundamente a jovem do Distrito 8. Odiava pessoas que sofriam sem motivo ou que criavam problemas onde não haviam. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

Panem é o inferno.

O representante então pegou o envelope com a fita rosa. Gwen mordeu o lábio inferior, observando o nervosismo de todas as garotas ao seu redor. O medo tomava conta de suas almas, seus olhares, quando não estavam fixos na cera sendo quebrada, procuravam por irmãos ou por outros familiares.

— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse o homem um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito oito é nossa amada...


 
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Mensagem por Lara Smith Ter Nov 24, 2015 6:25 pm

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Being...

Panem amanhecia escura e extremamente melancólica. Acordara do mesmo pesadelo, uma vez mais... não acreditava que a sorte se mantivesse comigo por muito mais tempo. Faltavam este e o próximo ano para escapar aos jogos, ser colhida como tributo. Levanto-me para me banhar e arranjar.Esperando não ser arrancada de tudo o que conhecia e acreditava nas horas seguintes. Tinha consciência se fosse eleita não duraria muito tempo numa arena onde era matar ou morrer. Esperava apenas que o me instinto de sobrevivência me conseguisse salvar.

A praça central estava cheia de pacificadores e câmaras. Parecia o caos e parecia que tudo isto era motivo de alegria. Não sei, não sabia como isto poderia entreter as pessoas. "Será que não vem que a violência atrai mais violência?" Pergunto-me olhando para todo aquele espaço bem tratado e organizado de forma a filmarem a primeira etapa dos Jogos Vorazes. Como eu odiava tudo isto... como eu queria que tudo isto acabasse e bem depressa! Seguia ao lado dos meus pais silenciosa e pensativa.
- Tudo bem, princesa?- Perguntou o meu pai colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Sim, pai. - Respondo prontamente. - Eu estou bem. - Tento garantir forçando um sorriso. Sabia que era meramente fingindo e tentava transmitir-lhes segurança mas, na verdade, sabia que eles sabiam dos meus pesadelos com o aproximar deste dia. Que só descansaria quando tudo isto acabasse definitivamente.

Acabo por me dirigir para banca da colheita de sangue esperando, ansiosamente, pela minha vez. Trocava constantemente o peso da minha perna para a outra e, assim, sucessivamente. Finalmente chega a minha vez. A pessoa responsável retira uma gota do meu sangue e ordena que me dirija o meu lugar que (in)felizmente já era nos jovens de 17 anos. Se tivesse sorte nunca iria participar na arena, nunca teria de matar e continuaria a defender os meus ideais para mim mesma.

Ás nove horas em ponto, começa-se a ouvir o hino de Panem. A tela ilumina-se como por magia aparecendo o irreconhecível logótipo da nação. O silêncio era audível, era constrangedor como em todos os anos. Ver aquelas imagens de antigos jogos, de antigos vencedores eram... indescritíveis. Admirava alguns por terem conseguido vencer as suas adversidades, abominava outros pela sua frieza e crueldade extrema. Talvez dependesse do Distrito em que se nascia. Talvez fosse da educação que lhes incutiam mas, mesmo assim, não conseguia perceber como é que jovens (muitos mais novos que eu) cometiam actos tão abomináveis, tão cruéis... como se a nossa vida fosse um mero peão num jogo de xadrez. Assim que a imagem da tela se desvanece aparece o capitalista super animado começando o espetáculo.

— Bem-vindos ao centésimo trigésimo quinto Jogos Vorazes! — A sua voz ecoava por todos os cantos e aquele sorriso parecia... aterrador! Parecia que tinha sido colado na cara do apresentador. Doí-a apenas de olhar. — E que a sorte esteja, sempre, ao seu favor! Agora, veremos o vídeo vindo diretamente da Capital, para vocês meus queridos. - Todo este espectáculo era uma repetição de anos anteriores... o que mudava era o número de pessoas que tinham sucumbido naquela implacável arena.

Como esperado, o documentário, era o mesmo. As mesmas palavras, as mesmas imagens. A mesma lição: todos nós pagávamos por um erro que não tínhamos sido nós a cometer. Odiava a parte de que crianças é que pagavam por esta tradição. "Se a Capital queria mesmo matar pessoas porque não escolher pessoas adultas?" Esta questão percorria a minha mente todos os anos. Serem seres pequenos que seriam aterrorizados pelas mortes que cometiam para sobreviver, corroía o meu ser. Sabia que tinha tido uma sorte tremenda por eu nunca ter participado mas sofria por aquelas pessoas que tinham, que ficaram traumatizadas e marcadas pelas vidas que ceifaram.

Algo inesperado acontecia. O representante que começava a falar mas tinha sido interrompido. O burburinho na praça central intensificava-se; o mentor também parecia surpreendido pela aparição repentina do governante. Ergo uma sobrancelha, tentando, compreender o que se passava. "O que isto significava?" A tela volta a acender com o brasão de Panem e, até, os Pacificadores parecem agitados. O hino de Panem enche o ar com a sua música e, após isso, aparece uma bela mulher na tela. O seu sorriso arrepiava-me os ossos. "Isto não pode ser bom." Pensei para mim mesma, olhando para as pessoas ao meu lado. A sua voz acabava por quebrar o silêncio que era vivido no Distrito 12 e, calculava eu, como nos outros Distritos.

— Olá caros cidadãos de Panem! Estão felizes, que temos um novo evento? Não vou gastar o tempo precioso de vocês, dizendo que Panem é um lugar perfeito, com gratidão, com punições, não. Seria chato, e eu estou com compromisso marcado para depois desse anúncio, então, vamos ao que interessa. Na edição anterior, o presidente Arthur anunciou que teríamos duas edições dos Jogos Vorazes, o que para mim é bom, mas para vocês não. Ou seja, dobramos o número de mortos, e ficamos sem muita mão de obra. Isso dá prejuízo, sabia? — A idealizadora revirara os olhos. — Continuando. Nosso presidente disse que teríamos a outra edição com tributos escolhidos pela a Capital, correto? Correto. Os capitalistas, durante a edição que se segue, recebem arquivos de cada um de vocês, e duas semanas antes, vão às urnas, votam. Então, dois dias antes, nós, as idealizadoras, contamos os votos. E as urnas são eletrônicas, porque não somos obrigadas, a manchar nossos esmaltes e nossas unhas recém feitas por mexer em papel. — Charlotte revirou os olhos. — Então, depois de computados os votos, eu escrevo os resultados em dois envelopes, o nome do tributo masculino estará em um envelope com fita azul. Do tributo feminino, com uma fita rosa. No mais, sobre esse novo modo de sorteio, é isso. Bom, espero que se saiam bem. No mais, que a sorte esteja a seu favor, e lembrem-se sempre. Panem é bom, Panem é a glória.

O hino faz-se novamente ouvir, o brasão de Panem volta a encher a tela e desvanecer-se. O representante da Capital bate novamente palmas como se tivesse no melhor espetáculo que tivera em toda a sua vida. Sempre vira as pessoas da Capital como excêntricas e alucinadas. Não sabia bem em que grupo deveria inclui-lo. Ele avança pelo palco com os seus altos ecoando enquanto caminha para o centro. Os seus olhos bicolores fitavam-nos com curiosidade e, pensava, que com um pouco de fascínio. O perfeito e o mentor - conhecido por Spencer - também se encontravam no palco. Não havia como não admirar o nosso mentor, ainda ouvia os meus pais falar como ele tinha sido excepcional na Arena. Só esperava que ele fosse tão bom como Mentor.

Eu estava cada vez mais ansiosa e desejosa de sair dali directa para casa. Este ano não havia globo no centro do palco, em vez disso, haviam dois envelopes negros com detalhes em prateado com o brasão de Panem em cera. Ambos estavam lacrados sendo que a única diferença era a cor da fita: uma rosa, uma azul. O representante apanha o envelope com a fita rosa e o meu coração bate descompassado. Aquele era o momento em que saberia se ficaria salva por mais um ano ou se enfrentaria a minha morte. Fecho os olhos e quase posso ouvir o representante medonho a quebrar o lacre. Finalmente oiço-o:
— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito 12 é nossa amada...

   
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O tempo está ameno. E agradeço a Lari ? por esse template.
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Mensagem por Alex Vause Ter Nov 24, 2015 7:04 pm

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The Colheita

Not all scars can be seen... They exist nonetheless
O dia novamente clareava em nosso distrito miserável, o sol proeminente insistia em se sobrepôr no horizonte. Seria um novo dia. Porém, bom ou ruim? Eis a questão. Ante a esta vil realidade, viver mais um dia poderia não ser mais um privilégio da existência humana, mas sim, uma maldição para aqueles oprimidos por uma forte represália. Teago e Saimon aprenderam a caçar pela floresta em busca de algo para vender, e visto  isso, mesmo longe dos Saltz, Alex não apreciava muito dormir por tantas e tantas horas, acreditava que estar em um estado tão vulnerável por tanto tempo poderia matá-la algum dia. Afinal, nem mesmo tinha prazeres durante o sono, pois jamais conseguira dormir verdadeiramente; sua mãe sempre invadia seus pensamentos turbulentos... Os pesadelos, consequência de seu passado asqueroso, seguiria Alex fielmente durante todos estes anos... era como se âncora do seu passado jamais fosse deixada para trás. Seu espírito intrépido ainda lutava contras as marcas do seu passado.

A luz radiante do sol deixava aos poucos o distrito novamente, trazendo a brisa gélida do crepúsculo, a copa das árvores oscilava e suas folhas dançavam em uma dança ritmada, expelindo os últimos suspiros de calor daquele dia que declinava gradativamente. Com algumas escassas tésseras no bolso, Alex marchava pelo distrito em busca da taberna em que compraria um prato de sopa de grãos, se tivesse sorte. Algo que não tinha por muito, muito tempo. Por ser tarde da noite, a garota já previa que não encontraria mais nem o óleo das sopas, afinal, todos compravam o quanto antes. Um prato de sopa significava viver mais um dia. ''Que realidade miserável!'' Alex odiava tudo aquilo e o modo em que viviam. Os distritos, independentemente do número, estavam nas mãos de um governo ditatorial, tinham seu futuro condenado desde o seu amaldiçoado nascimento. Margeando nas sombras do distrito há passos cadenciados, a garota alcançou seu objetivo e adentrou ao estabelecimento - era rústico, constituído por uma mobília velha e sua tapeçaria antiquada. Além de um balcão simples de madeira, existiam duas ou três mesas para refeições simples. Alex aproximou-se do balcão, o local estava vazio, e Mags lavando a louça de sua clientela. Seus dedos ossudos e congelados denunciavam seus anos árduos de trabalho, algo que jamais seria reconhecido ou mesmo lhe daria um caixão digno para seu corpo repousar depois que deixasse o distrito 10 e sua casa para sempre.

— Hey. Mags, o que tem pra mim? — perguntou, tentando estender-lhe um sorriso encorajador Era muito mais fácil quando não tinha ninguém por perto. Mags era uma senhora curvada para frente, cujo semblante denunciava sua idade avançada. Alex sabia que ela iria morrer logo, e por algum motivo, não era de todo ruim. 

— Oh, você chegou atrasada, minha pequena caçadora. — Falou Mags, parecendo ter esquecido que as coisas importantes devem ser ditas em uma troca rápida de olhares. Alex apoiou-se sobre o balcão, e rebateu em uma voz mais baixa. 

— Mags, cuidado com as verdades. — Alex, entretanto, não podia culpá-la. Ela já tinha que aguentar as dores de sua velhice, e provavelmente tivera uma vida longa e complicada.  Depois que as pessoas ficam velhas, suas mentes enferrujam. E nesse quesito, Mags era tão velha quanto seus fios grisalhos. Talvez pela sua bondade, Alex sempre trazia algo da floresta para Mags colocar em suas sopas, e em troca, Mags não cobrava o preço inteiro de suas vendas, descontando a caça que recebera. 

— Oh, oh, criança. Aqueles malditos Pacificadores vieram aqui e tomaram a sopa sem pagar! — grunhiu ela, revoltada, e incutiu — Receio que só tenho alguns pães... 

Alex ponderou por alguns instantes, e então interceptou suas palavras:

— Sem problemas, os pães estão ótimos. — Concluiu, pois já estava acostumada com os restos que os Saltz lhe davam para comer. Os Pacificadores ainda iriam pagar caro por suas afrontas, e Alex esperava ansiosa por este dia em que revidaria o tapa que fazia sua mão coçar durante todos os anos de sua vida.

Mags era uma senhorinha muito velha, que tivera aquela baterna a vida toda, algo simples que herdara de sua mãe, e esta, de sua avó. Ninguém, entretanto, herdaria a taberna de Mags, pois ela não tivera filhos durante a vida, e ficara viúva há muitos anos. Sua escolha em não deixar descendentes na terra era indiscutível, pois ela se negava em dar a luz para outro tributo da Capital, negava-se em dar ao Prefeito Arthur outro jogador em seus games. Assim, preferiu viver solitária, e isso ressaltava sua dignidade e honra. Bem, Mags deixou que Alex ocupasse o outro colchão de solteiro em sua casa, e mesmo contra o assoalho frio, ainda sim era indubitavelmente melhor do que na casa dos Saltz, desde que ajudasse-a com o trabalho da taberna. Ainda assim, a garota não abusava de Mags, tampouco comia em abundância, pois preferia se alimentar fora para não consumir muito de suas economias. E não, muito embora a notícia de que Alex tenha assassinado o Sr. Saltz tenha corrido pelas bocas do distrito, a clientela de Mags sequer caíra. Seu negócio com as sopas rendia-lhe um bom dinheiro, não muito, mas o suficiente para acomodar sua velhice. Após ajudá-la a fechar o estabelecimento, foi para casa, e então, adormeceu. Naquela assim, em todas nos últimos anos, Alex caíra em seus pesadelos.

... A fumaça proveniente das chamas, que consumia sua antiga casa e alastrava-se rapidamente, dominava seus sentidos. O odor árdido do fumo enegrecido era inebriante e tornava-se incapaz de respirar. Estava indefesa. Há vários metros de seu eixo, o corpo de sua mãe era consumido pela chama, seus olhos abertos e sem vida olhavam-na até que o fogo chegava aos seus orbes.... ''Mãe!, Mãe!'', expremia-se aos berros. Suplicava por ajuda, o fumarento escuro enevoava sua casa incinerada, as paredes sendo consumida pelas chamas, e o corpo de sua mãe era dominado pelo fogo incandescente... 

'' Mãe! '', acordou-se tremendo e soando frio, sua voz gritando ecoava fraco em seus ouvidos à medida que recobrava a consciência daquele pesadelo. Quase sempre era o mesmo, repetia-se todas as noites: A casa em chamas, Alex no chão incapaz de se levantar, e o corpo de sua mãe queimando próximo a ela, incapacitada de ajudá-la. E então, situando-se, os Pacificadores entraram em foco novamente em sua cabeça. 

— Outro pesadelo, querida? — A voz tênue de Mags soara naquele silêncio gritante, penetrando em sua mente, seus olhos verde esmeralda olhavam-na com afeto. Um afeto que jamais havia conhecido desde a morte de sua mãe. Então, tocou-lhe o rosto, sua pele macia e seu olhar bondoso... De fato, Maggs era a única alma por quem Alex nutria afeto.

— Tudo bem — grunhiu Alex, desviando os olhos para janela, e entre as frestas, podia-se ver que ainda estava escuro lá fora.


A aurora clareara o novo dia há algumas horas, e agora o sol se punha no céu límpido de nuvens. Talvez em outro cenário, fosse uma gloriosa manhã de primavera. Entretanto, em Panem, era o dia em que arrastaria todos para a sentença de seus julgamentos. Todos, a partir daquele dia, seriam encaminhados para seu inferno pessoal, onde cordas de salvação e outras ilusões de misericórdia seriam inexistentes. Os ventos da primavera sempre eram frescos, mas naquela manhã, o cheiro de sangue circundava pelo distrito. A antecipada preparação começara na alvorada daquele grande dia, os Capitalistas chegaram um pouco antes do sol raiar no horizonte, trazendo suas câmeras e tecnologias que jamais seriam vistas naquele distrito até o próximo ano, época em que retornavam para buscar mais dois fantoches para seus games de entretenimento. A agitação anormal dentro do distrito, por parte dos moradores aflitos, era visto em todos os lugares. A tensão no ar poderia ser sentida por qualquer um, e embora o sol estivesse brilhando cada vez mais forte no pós-meridiano, era como se o dia estivesse mais sombrio. Depois de tomar uma sopa de grãos na taberna com a Mags e se despedir dela, Alex circulou até a praça central da cidade. À medida que se aproximava, haviam mais e mais pessoas nas vielas se dirigindo para o mesmo local. Mães e filhas de mãos dadas, irmãos e irmãs... como se jamais fossem se separar, algo que não era verdade, afinal, todos teriam de estar sozinhos quando chegasse a hora de sua sentença. Todos serão aterrorizados ante as câmeras televisivas de Panem no ato de sua supremacia... Entretenimento. 

Alex não se arrumara com mais roupas do que costumava vestir, não iria se aprontar para a Capital, tampouco para receber seu suposto decreto de morte. Muitos conheciam sua face e seu nome. Uns a conheciam pela filha da prostituta estuprada, pela garota que vira a mãe ser ateada ao fogo, e enfim, outros ainda a reconheciam por ser aquela que matara o marido da Srta. Saltz, cujo título que a própria nunca deixaria de mencionar, mesmo nas ocasiões mais importunas. A garota do distrito 10, munida com seu orgulho, subia os degraus da praça pavimentada, sendo recebida por alguns narizes curvados. Uma centelha de indiferença lentamente começa a arder em seu âmago, crescendo a medida que Alex notoriamente aproximava-se do âmbito público, marchando em seus passos pesados. Ela conhecia as curvas do seu passado cruel, repudiava seu presente, e tinha seu futuro encomendado. A multidão de pessoas se inflamava a cada instante. No final daquele evento, embora muitos fossem realizar uma pequena comemoração fúnebre de serem isentos naquele ano, pelo menos duas famílias iriam fechar suas cortinas.  No alto do Edifício da Justiça, um grande telão fora posicionado. As brilhantes bandeiras de Panem, que oscilavam conforme o movimento do vento, estavam mostrando sua imponência. No pódio, algumas cadeiras de fundo e um microfone ante ao público, apoiado em um tripé. Nunca se via tantos e tantos Pacificadores reunidos, tal qual urubus ansiando pelo sangue de sua presa, exceto nesse dia tão especial do evento... o dia da Colheita

Haviam muitos Pacificadores estrategicamente espalhados pelos locais da praça, enquanto o centro era destinado para o povo se reunir e ocupar seus devidos lugares, em pé e sem nenhum tipo de conforto. Veja como é a vida, além dos pobres do Distrito 10 terem de dar suas vidas pela diversão da Capital, nem bancos para uma boa acomodação. Pensando bem, seria irônico pôr uma coroa em uma porca, pois ainda assim esta não seria uma rainha. Exatamente deste modo que as coisas funcionavam para os pobres que não tinham voz. Assim, Alex toma seu lugar na fila indiana dedicada ao registro e ministrada por uma mulher jovial e coberta de luxo e extravagância, a única sentada em um banco, com alguns objetos de identificação e planilhas sobre a mesa, recebendo os maltrapilhos. Embora o sol começasse a esquentar sobre suas cabeças, a brisa fresca da primavera impedia que o calor se aproximasse tão rápido quanto deveria. Ainda assim, a cada corrente de brisa, Alex sentia seu nervosismo aumentar, pois significava que o tempo estava passando, tal como se fosse um lembrete que o tempo nunca para, e que logo logo, deveriam abraçar seu futuro, seja ele bom ou ruim. Quando chegou sua vez na checagem, a garota de madeixas deu-lhe a concessão, e então abandonou aquela fila interminável. Conseguinte, misturou-se na segunda fila de frente, na retaguarda dos que estavam na fila posterior fazendo a linha de frente daquele amontoado de miseráveis, pois eram os mais velhos e estavam em seu último ano de elegibilidade. De certa forma, seria um alívio, e de outra, cortariam seus pulsos. À medida que todos tomam seus lugares nas filas, e as famílias dos tributos se mantém atrás do perímetro, a praça torna-se menor para abastecer tantos lugares. Furtivamente, as cadeiras dos oficiais que mantinham-se vazias até o momento foram sendo ocupadas quando três personalidades distintas saíram do Edifício da Justiça e tomavam seus devidos lugares no pódio. Entre eles, o mentor jovem que ganhara uma edição dos games. Embora sua jovialidade e idade precoce, mostrou-se na arena um tributo tão bom tanto os Carreiristas, e obteve êxito em sua estratégia em manter-se vivo. Entretanto, ninguém, é claro, conhece o verdadeiro ''eu'' dos mentores. O que pode-se presumir dá-se pelo seu modo de agir na arena, mas quando este sai vencedor, ninguém conhece suas verdadeiras personalidades. Qualquer um que mirasse o pódio com olhos de lince, perceberia a surpresa não revelada deste ano: Cadê os globos? Todos os anos, no pódio, dois globos são agregados à uma estrutura sedimentar mediana em que a piscina de nomes levaria ao nome do tributo daquele grande sorteio, o privilégio glorioso de não morrer no Distrito 10, mas em uma Arena com vinte e quatro pessoas tentando enfiar sua cabeça na ponta de uma lança.

Aguçando a curiosidade de Alex, que percebera o incidente, pensava qual seria o grande presente que os faria gozar de uma morte mais elegante, em que seriam abatidos em um ângulo mais promissor para as câmeras da Capital. Silenciando a congregação, o hino rústico da Capital iluminou o telão que jazia inativo até aquele momento sobre o mar de cabeças vitimadas. Os antigos games tiveram seu momento de flashback, algo que fez, pelo menos, duas famílias caírem aos prantos, relembrando alguns tributos do nosso distrito que caíram nas arenas sob os ataques iminentes de seus adversários  embora o verdadeiro adversário seja a Capital. Assim que o vídeo de introdução findou, uma mulher extravagante tomara a frente do pódio, narrando sua apresentação. Esta usava tanto gritter, purpurina e cores aleatórias em sua maquilagem no rosto e desenhos pelo corpo que podia-se ver muito pouco ou quase nada de sua pele limpa, embora fosse possível perceber que era morena por baixo daquelas pinturas capitalistas. O vestido que recobria seu corpo era multicolorido em colorações tão intensas que pareciam pinceladas à tinta fresca, adornado de detalhes ornamentado em jóias resplandescente e ouro. Conseguinte, outro vídeo foi incutido no telão, algo que tradicionalmente já esperávamos. Declinando aos seus momentos finais, após um longo momento de monotonia, uma notícia realmente inovadora inflamara a curiosidade de Alex, mas fora tão rápido que quando procurou focar-se novamente no telão, a mensagem já havia sido convertida pelo brasão de Panem, com suas cores douradas, imponente.. Sob o céu azul e brisa suave, a interlocutora, enfim, dera início seu previsto discurso. Ao pirracear, extasiada pelo furor da Colheita, fora surpreendida por outra personalidade que denodadamente tomara sua vez; uma mulher jovial que transparecia perigo submetido em sua intonação serena. Ela anunciava uma mudança no sorteio dos tributos neste ano. Ao invés das típicas urnas usadas na Colheita por gerações, a própria corrupta Capital supostamente decidira o destino de 24 jovens que seriam abatidos  à morte após darem audiência e entretenimento para o reallity show da Capital. Metodicamente, sua personalidade inerente aparentava ser demasiadamente sintética para ocupar-se com a reação daqueles que repudiavam seu discurso proeminente. Aquele momento fugaz atiçara o burburinho e falatório que rapidamente se disseminou entre as pessoas, depois daquilo que se tornou a mais ousada forma de dissidência: Silêncio. A voz que se perdia em suas bocas gritava em seus olhares rebeldes de aversão e repulsa. Ninguém concordava, ninguém perdoava. A verdadeira rebelião é silenciosamente ditada por seus olhares, concluiu. Aguardando sua sentença de morte, seu semblante polido varria qualquer vestígio de emoção que interceptava em sua mente naquele vil instante de tensão completa e absoluta. 

Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito 10 é nossa amada...
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Mensagem por Widdly Trenchüst-Hadren Qua Nov 25, 2015 1:52 pm

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OH, GLORIOSO DIA. Tão aguardado por todos, a ansiedade tomava conta de nossos corações. Seria isso bom? Claro que não, amigo. O pior dia de nossas vidas é hoje. A melancolia toma conta de nossos corações ansiosos que clamam por revolução. Sim, revolução. Quem não gostaria de que ocorresse novamente a tal revolução causada por Katniss Everdeen? A figura que deixou marcas em toda Panem, mas tudo fora feito em vão. O mal sempre prevalece no final? "São tempos sombrios, não há como negar", dizia nosso grande ditador. Creio que todos devemos manter a esperança, mas sempre deixe-a guardada, quaisquer demonstração de rebeldes seria exterminada pelo nosso querido Presidente Arthur. Sentiu a ironia? Eu espero que realmente tenha sentido.

Cortem-lhe as cabeças, morte aos tiranos idealizadores que controlam Panem!  — Berrei ao lado das camas de meus irmãos, um lençol velho preso em meu pescoço esvoaçava como uma capa de herói. — Acordem, rebeldes. Temos de salvar nossa querida Panem. — Finalizo, balançando meus irmãos adormecidos.

Trace foi a primeira a levantar da cama, empurrando-me por tê-la acordado daquela maneira. Aquele era um dos meus jeitos de descontrair meus irmãos, seria a segunda Colheita que eles iriam passar no mesmo ano. Foi um tremendo impacto saber que todos os anos teríamos duas Colheitas, mas a segunda não era exatamente uma colheita. Eu não havia entendido muito bem a ideia do Presidente, esperava uma breve explicação de alguém no dia de hoje, creio que eu não fosse o único com dúvidas. Sentei-me a mesa de jantar, aguardando meus irmãos para que pudéssemos tomar um café da manhã decente, como sempre costumamos fazer neste dia. Já que poderia ser nosso último dia juntos, não que eu seja negativo, mas você pode esperar de tudo.

Por que estava gritando tanto, Wid? Quer ser pego por um deles? — Perguntou-me Bucky sentando ao meu lado emburrado.

Apenas gargalhei como resposta. Eu não poderia mais brincar na minha própria casa? Bucky e Trace sempre acordavam de bom humor, mas sabiam que dia era aquele, não era motivo de risada nenhuma. Consegui tirar um pequeno sorriso de Trace com minha risada, aquilo estava ótimo por enquanto. Lembro-me de minha tensão na primeira Colheita que passei, o desespero de ser escolhido para os Jogos, antes eu não desperdiçava meu dia tentando treinar para acabar morrendo por algum tributo qualquer. Com o tempo que fui crescendo aprendi que treinar seria um bom passatempo, os treinos tornavam-se mais divertidos quando tinha a companhia de meu pai. Auri também me ajudava a superar o dia de Colheita, mas era do nosso jeito. Se é que consegue me entender, meu caro.

{…}

Fechava os botões de minha melhor camiseta social, guardávamos nossas melhores roupas para este momento, sempre fora assim. Aí você se pergunta o motivo disso, é algo que você aprende com seus pais, talvez te queiram "aceitável" quando fosse escolhido para a morte, creio que não há um outro motivo plausível para isso. E se eu fosse escolhido para os Jogos deste ano? Acho que difícil já que seríamos escolhidos pelos capitalistas, obviamente teria um carreirista mais forte em meu Distrito, quem escolheria o fracote do Widdlyzinho? Os escolhidos de meu Distrito para a 134° Edição dos Jogos Vorazes obtiveram esmero sucesso no decorrer das fases, pelo menos um deles sim. Eu estava torcendo pela vitória de Kennedy, infelizmente seu fim fora imposto pelos Idealizadores por um desabamento que o mesmo não poderia escapar. Na verdade, eu não me importava em ser escolhido, apenas rezava para que meus ambos irmãos não pudessem ter um fim como este, quero que cresçam e tenham suas adoradas famílias, que não sejam guiados para a morte por conta de uma mísera diversão capitalista.

Está na hora.  — Murmurou Trace próxima a soleira da porta, tirando-me de meus perturbados devaneios.

Minha pequena Trace também vestia seu melhor vestido de algodão turquesa, já Bucky estava quase idêntico a mim, se ele não fosse tão pequeno poderiam dizer que era meu irmão gêmeo. Com um simples acenar de cabeça, caminhamos para a perdição de nossas vidas, o local que sempre fora marcado com os mais profanos crimes causados pelos capitalistas, a Praça Central.

{…}

Poderia até ser dito que estávamos em um dos mais belos dias primaveris, os feixes de luz solar propagavam-se entre as nuvens, o ar gélido da alvorada causava-nos calafrios espontâneos. Ah, desperdiçava um belo dia de caçada por causa desses Jogos. Claro que esses poucos detalhes não tinham a mínima importância com tamanhos atos desumanos ocorrendo a cada dia que se passa em nossa Panem. OH, ADORADA PANEM. Por que deixaste-me vivenciar uma primavera tão majestosa neste dia de sombras? Sentia-me martirizado. Neste momento fui empurrado por um pacificador por conta da checagem e coleta de sangue obrigatória, não iria me permitir ficar abatido por um simples empurrão, eu havia acordado avoado demais nesta manhã.

A tensão existente na Praça Central era palpável, para algumas crianças aquela seria a primeira vez participando deste entretenimento banal, a melancolia sempre tomava espaço em nossos corações, dos familiares que poderiam perder um ente querido próximo. Algumas crianças procuravam por suas famílias em desespero, querendo ao menos um pequeno sinal de que tudo ficaria bem. Todos nós podíamos entender o sofrimento vivenciado por eles. Em poucos minutos eu havia se tornado o primeiro da fila que pertencia, apenas estiquei a mão automaticamente, deixando o dedo indicador receber sua costumeira alfinetada. Instantaneamente uma pequena gota de sangue saudável formou-se em meu dedo, levei o dedo a boca assim que meu sangue fora recolhido, o gosto de ferrugem tomou conta de minha língua, fazendo-me franzir o cenho. Sangue não tem um gosto bom, como vampiros gostam disso?

Em passos rápidos e largos tomei meu lugar ideal, podia ver o cabelo de Trace em meio a multidão eu estava ao meu lado, eu não sabia o local que haviam colocado Bucky. Todos foram silenciados quando o hino de Panem retumbou em nossos ouvidos, o grande telão iluminou-se com o brasão de nossa nação.  Nossa querida nação, faz-me rir pensar que um dia Panem fora um ótimo lugar. Imagens dos Jogos tomavam conta da tela que eu ignorava, apenas fitava aqueles que habitavam o púlpito. O Prefeito do Distrito Dois sempre com suando nervosamente por causa de nossos convidados, Marte Arrogante Fewman com sua costumeira insensibilidade os demais e a Capitalista que pouco me importava com sua infeliz presença. Um sorriso falso brotou instantaneamente na face da Capitalista que desatou a falar balelas e mais balelas que pouco me importavam. Sempre eram faladas as mesmas coisas, depois era passado um vídeo sobre o início dos Jogos e por fim os jovens eram escolhidos. Infelizmente tudo corria o mais devagar possível.

Mas algo nos surpreendeu mais uma vez, uma das idealizadoras tomou a atenção de todos que se encontravam, causando surpresa até mesmo na Capitalista. Todos conhecíamos os idealizadores, aquela era Charlotte, dificilmente um idealizador dava recados na Colheita, isso significava que boa coisa não estava por vir. A mulher apenas falava besteiras e sobre esta edição dos Jogos que seria diferente, foi a única parte que preferi prestar atenção depois dela ficar reclamando de manchar o maldito esmalte ou que ficaria com poucos trabalhadores por causa de duas edições anuais. Era bem simples, não colocassem o segundo maldito jogo ou até mesmo acabar com eles. Nunca pensou nesta hipótese? Oh, claro que não. Temos que nos divertir vendo as crianças lutarem até a morte. Que tal ir pra lá? Tenho certeza que muitos gostariam de ver um capitalista lutando nos Jogos. Se é que eles sobreviveriam tempo suficiente para sair da plataforma.

A hora havia chegado, os tributos escolhidos seriam anunciados. E se Trace ou Bucky fossem escolhidos? Eu poderia me voluntariar para ir no lugar de meus irmãos? Eu iria me voluntariar sem pensar duas vezes para protege-los, já que os mesmos não tinham preparo algum para os Jogos, pelo menos ainda não. A Capitalista seguiu para a mesa metálica onde dois envelopes inquietos jaziam, aguardando para serem abertos. Como de costume o primeiro tributo a ser escolhido seria feminino, a fita rosa fora retirada para que o envelope fosse aberto. Tudo parecia estar sendo feito em câmera lenta, eu não aguentava mais esperar para que somente um nome fosse falado. Eu torcia para que Trace ou Bucky não fossem escolhidos, passar a vida neste distrito já era punição demais para eles, imagine ir aos Jogos. Está punição não deveria ser nossa.
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Mensagem por Blanche Cirion Qua Nov 25, 2015 9:20 pm

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It's an Omen
O dia da colheita tinha chegado. Mas Blanche não precisava temer o tão assombroso dia, ela vencera a edição anterior dos jogos, mas mesmo assim a garota ainda tremia de horror ao pensar sobre isso. Velhos hábitos demoram a passar.
A sua antiga equipe de preparação chegou em sua casa com o mesmo entusiasmo metódico de sempre. O trio ficou chocado com a magreza de Blanche que não se alimentava direito nos últimos tempos.
-Sobreviveu aos jogos para morrer de fome?- questionou Ophelia a sua maquiadora.
-Quem sabe, talvez- respondeu num jeito torto mas corrigiu- Quer dizer, a vida e o futuro são incertos não é mesmo?
Num silêncio concentrado o time fez o seu trabalho. O cabelo de Blanche foi penteado num belo rabo –de- cavalo que parecia deixar o cabelo dourado cair em cascata sobre as costas da vencedora do distrito 11. O rosto não tinha muita maquiagem apenas nos olhos.
O vestido era curto e rendado no peito e costas. Depois de pronta a garota deu abraço na família dessa vez com a certeza de que regressaria a casa viva.




O trajeto até ao edifício da justiça foi calmo afinal hoje o povo do onze não tinha grande motivo para celebrar, aliás nem os demais distritos. O decadente edifício por dentro era muito bem decorado, com tapetes macios e móveis das mais refinadas madeiras. O perfeito estava vestido com um terno meio surrado mas que certamente era o melhor que possuía, os filhos deste deveriam estar já na praça.
Mas junto a ele estava um homem que a garota não conhecia. Pelos trajes espalhafatosos e pelas tatuagens que lhe conferiram um ar grotesco ele deveria ser da capital.
-Bom dia- a jovem loira cumprimentou os homens num tom distante.
O perfeito apresentou o homem como sendo o novo representante da Capital. Tal como o anterior representante Blanche imediatamente esqueceu o nome dele, parecia que além de ser exímia no manejo de foices a loira também era exímia em esquecer nomes. Menos um que ficara gravado na sua memória para sempre.




Apos algumas trocas de cumprimentos o grupo seguiu para o palco montado na praça. Os pacificadores armados até aos dentes estavam por todos os lugares.
Era estranho para Blanche enfrentar a colheita do outro lado, durante quatro anos esteve junto daqueles jovens ansiosos de rostos famintos e costas curvadas, com eles dividiu silenciosamente a angústia da espera em saber se encontraria a morte ou caminho de casa no final da manhã. Agora a garota tinha certeza que o seu caminho seria para casa ao passo que dois deles não regressariam, ou um pelo menos.
O novo representante tomou o seu lugar no palco assim como o perfeito, a loira sentou no cadeirão enquanto o hino de Panem começou sendo seguido pelas tradicionais imagens das edições anteriores dos jogos incluindo a que ela própria vencera. Mas Blanche não olhou para o telão limitou-se a fitar com intensidade as rendas do vestido, já tinha pesadelos suficientes durante a noite não precisava revê-los de dia.

O homem da capital começou a falar com uma voz muito aguda, talvez tivesse sido submetido a uma cirurgia nas cordas vocais para conseguir aquele tom de voz, pois a vencedora nunca escutou um homem falar assim no distrito …talvez na capital.
Em seguida começou novamente o lalala sobre o tratado da traição. Para a jovem a única parte da colheita em que os futuros tributos esquecem que irão morrer na arena e pensam que irão morrer de tédio ali mesmo na praça, afinal todos já conheciam de cor as palavras do tratado repetidas até à exaustão a cada colheita.
No fim o representante aplaudiu com entusiasmo que parecia contaminar apenas ele mesmo, a loira sorriu discretamente querendo uma foice para decepar a cabeça do homem, chegara a conclusão que não gostara dele que preferia o anterior representante mas para bem dos futuros tributos do distrito teria que gostar, ou pelo menos tentar ter uma relação civilizada.

Quando ele fez menção de falar foi interrompido e a jovem ficou curiosa do porquê daquilo. Não demorou a que uma bela mulher surgisse no telão e começasse a discursar sobre a colheita desse ano que não seria como as anteriores. Blanche olhou para os envelopes com misto de alívio e apreensão, o nome das vidas que em breve estariam em parte sob a sua responsabilidade estavam naqueles envelopes e isso a deixava nervosa. Será que ela iria conseguir trazer de volta um deles ou seria um fracasso como mentora? Afinal nos Jogos ninguém apostaria um téssera na vitória dela…nem ela própria apostaria, alias ninguém com juízo o faria.
Quando a mulher terminou de falar o reprensante fez um sinal discreto para que a mentora se juntasse a ele. Blanche caminhou até ao seu lado, então reparou que ele emanava um enjoante aroma a lavanda.
Ele pegou no envelope e quebrou o lacre com um sorriso no rosto.
Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito onze é nossa amada...
A mentora apenas rezou silenciosamente para que ninguém da família de Rong tivesse o nome naqueles envelopes da morte.

.
XIII
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Mensagem por Gwyn Bërk Wantöwski Qui Nov 26, 2015 12:51 am

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Hail to the queen
go hard or go home zone, bitches

Mordeu o lábio com força assim que abriu os olhos, despertando daquele sonho tão maravilhoso, sonho que não tinha havia muito tempo. Aquilo trouxera-lhe um falso bem-estar por algumas horas, enchendo-lhe o peito com positividade e ternura. Mas logo a realidade voltou à tona, trazendo as lembranças e o a expectativa pelo que ainda vinha. A colheita... Aquele era o dia felizardo. A sua última, e também a primeira dos seus irmãos. Os gêmeos eram do sexo masculino, o que queria dizer que, caso fossem sorteados, Gwyn não poderia interceder por eles e se voluntariar. E era isso que lhe frustrava: não poder proteger seus próximos. Suspirou, olhando para o teto de seu quarto, o forro branco. A luz matinal entrava pelas janelas de vidro, cujas cortinas haviam sido arrastadas na noite anterior para que dormisse observando o luar.

Vamos lá, Gwyneth, reaja — ordenou em voz alta para si mesma, e pôs-se de pé. A sola de seus pés descalços tocaram delicadamente o chão frio, enquanto ela dirigia-se para o armário afim de escolher suas vestes. Preparara um vestido verde, longo até abaixo dos joelhos, com mangas curtas. Nos cabelos negros, uma tiara de mesma cor. Sem nenhum tipo de maquiagem, a beleza natural era estampada. Não demorou muito para que terminasse e descesse para o café da manhã. Café que poderia ser o último em companhia de sua família.

[ ... ]

Afastou-se de sua mãe, seu padrasto e de seus irmãos quando teve de dirigir-se para os lugares. Gwyn tinha de sentar-se mais à frente, na primeira fileira, uma vez que era seu último ano na Colheita. O Distrito 6 estava quieto, tão silencioso que parecia outro lugar. Era assim todo ano naquele dia, naquela época, quando seus amados jovens eram arrancados e mandados para uma carnificina. Tamborilou os dedos sobre o joelho enquanto sentava-se, ansiosa. Em seu âmago, uma revolução acontecia. Dividida entre querer permanecer na segurança de seu lar, no abrigo de conforto indescritível que era o Distrito 6; e também na vontade de ir aos Jogos e provar que não somente Carreiristas do 1, 2 e 4 ganhavam. É claro que não estava interessada somente nas riquezas advindas da vitória, até porque sua família era bem abastada. Não era uma garota ambiciosa, só sentia sede de justiça.

Às nove, o hino de Panem pôde ser ouvido. Aquela onda melódica nauseante que já ouvira tantas vezes antes, da qual gostaria de se livrar. Se fosse eleita Presidente de Panem, a primeira coisa que faria em seu mandato era mudar aquela porcaria. Aguardou ansiosamente pelo término daquela preliminar, observando com atenção as imagens de Jogos anteriores. Não demorou muito, e logo havia acabado. Ao fim, a mulher da Capital em seus costumes totalmente estrambóticos, a começar pelas peças de vestuário, deu-lhes boas-vindas, como se tudo não passasse de uma grande festa tão esperada por todos os habitantes dos 12 Distritos. Em seguida, o documentário costumeiro foi rodado, contando a história trágica daquele país, apresentando os Jogos e tudo o mais. Também trouxe-lhes a nova forma de sorteio, o por escolhas de cidadãos da Capital. E, após isso, os telões se acenderam repentinamente, algo que não era de costume, surpreendendo até mesmo o mentor, Jordan. Uma moça apareceu, bela, de rosto plácido e ar angelical. E ela começou a falar. Falou sobre a nova edição dos Jogos, e sobre o modo de sorteio. Imaginou que alguém da Capital leu seu nome, viu seu rosto e falou "ah, essa aqui deve dar uma boa morte", e votou. Mordeu o lábio com força quando o rosto da idealizadora sumiu, seguida por mais hino escroto e o brasão de Panem.

Não demorou muito para que a mulher da Capital retomasse seu lugar frente ao microfone. Quando apanhou o envelope de fita rosa, Gwyn sentiu seus pulmões secarem, bem como o de todas as outras garotas ali. Seria agora. O nome seria dito, o nome que traria glória ao seu Distrito, ou apenas mais uma perda. Engoliu em seco, praguejando pela demora. Perguntou-se porque faziam tanto drama e não falavam logo. Quando a mulher capitalista abriu a boca, Gwyneth acompanhou sua fala mentalmente, porque já a sabia de cor. O tributo feminino do Distrito 6 é nossa amada...
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Mensagem por Krayt Yaxley Ji-Cormick Qui Nov 26, 2015 10:53 am

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Misunderstood

Limpou bem atrás dessas suas orelhas imundas!? — questionou altamente a voz anasalada da mulher, enquanto o menino de cabelos platinados terminada de arrumar a gola de sua camisa, que pela primeira vez naquele ano, era limpae de seu tamanho. O corrido acontecia da mesma forma, despertava em plena madrugada para que pudesse lavar e passar as vestimentas da senhora rechonchuda, assim como limpar todos seus pertences e toda a residência. Servia o café da manhã às seis, lavava toda a prataria e só assim poderia arrumar a si mesmo, em menos de meia-hora e isso quando Mrs. Pigger estivera em seu ''bom-humor''. A mulher desferiu um tapa na nuca do rapaz, puxando-o pelas vestes enquanto seus dedos longos e de unhas compridas abriam-lhe a boca para que pudesse ter uma visão clara de seus dentes. Mesmo com a precária condição da qual se encontra, estão em perfeito estado, assim como os cabelos ondulados e a pele impecável. Não por conta de sua dona, mas por furtar os produtos pertencentes a higiene quando a mesma não está lhe fiscalizando ou focada nos desaforos dirigidos a criança para que prestasse atenção nestes. Todavia, estava pronto para mais um dos eventos dos quais descobria se iria viver mais algum ano em riscos e que se decepcionaria por estar ainda mais distante de seu sonho.

A ansiedade predominava em seu ser, inquieto enquanto fechava a residência e segurança a bolsa de sua madame sem tocar seus repugnantes dedos — sobre luvas de couro — e dirigia-se para uma caminhada repleta de incertezas e objetivos que seriam concretizados apenas com sua sorte: seria vencedor? — Vamos logo com isso, seu pequeno verme! Quem sabe este ano você me trará algum bem ao morrer naquela arena para que eu poupe algum dinheiro. — arrostou-o como um cachorro, apertando-lhe o cangote para que andasse mais rápido. Krayt — nome do qual o mesmo não escolheu — permanecia com uma expressão enigmática, ao mesmo tempo que serena. O inferno seria melhor do que a vida que leva e certamente, não iria se importar de ser um dos escolhidos, assim seus progenitores facilmente reconheceriam-no pelas sardas douradas e os cabelos claros, e torceriam por ele. ''Um passo de cada vez...'' tentava acalmar a si mesmo, enquanto seus dedos remexiam-se no fecho lateral de sua calça. ''Um, dois...'' contava seus passos, para que sua ansiedade pudesse ser ao menos contida enquanto sua mente mantivesse ocupada. ''Olhe, um pássaro...!'' Ou não.

Adentrou entre as inúmeras crianças, se não ditas como adolescentes, em uma fila indiana da qual estenderia-se enquanto o sangue de todos eles fossem coletados. Krayt virou o rosto quando chegou sua vez, detestava a coloração vermelha e por motivos dos quais até o próprio desconhecia. Abaixou o braço assim que sentiu a penicada da dor, tampouco se importava com ela, mas não voltaria a olhar seu braço enquanto minúsculas gotículas de sangue se tornassem invisíveis naquele curativo. Por mais que os pacificadores não fossem nada amigáveis, Krayt desejou ser um deles, mas a ideia falhou quando soube que poderia ver o vermelho novamente. Ainda não compreendia como era possível que o líquido simplesmente vazasse da área que fora rompida do ser-humano. O quê era ser-humano? Aliás, sua mente de pouca mentalidade não seria capaz de entender o significado e as consequências que poderiam levá-lo a morte. Pior não estaria, acreditava.

Os olhos negros como obsidianas fixaram-se no enorme telão e ignorou a velha que ralhava em sua direção, pois acreditava que logo estaria distante dela: morto ou não, queria estar livre assim que a cerimônia tivesse seu fim. Os olhos brilhavam quando as imagens tomaram sua visão, os jogos posteriores e o restante dos distritos, distintos e ao mesmo tempo sentenciados a mesma penalidade de suas mais jovens almas. Ao invés de manter os olhos sobre o telão e o vídeo que parecia se estender durante uma eternidade, preferia olhar faces alheias e encarar os diminutos detalhes de sua ambientação, assim como continuar movendo alguma parte de seu corpo, como os dedos, pés e até suas sobrancelhas. Contava números, recordava-se das poucas histórias que escrutara e um método novo de costura, é esse seu trabalho principal, além de servir de empregado para uma mulher de péssimos valores morais. Mas finalmente uma figura lhe pregou a atenção, um homem de cabelos compridos  de coloração negra e de olhos castanhos. Seu mentor, ou viria a ser caso fosse escolhido. Seu ídolo, seu herói e seu objetivo. A expressão distante do mentor não lhe chamava atenção, apenas os seus feitos que passaram rapidamente na tela. Ele  sim é vencedor. Muito diferente do sujeito de cabelos azuis e de brilho dourado, trajando vestimentas de tecidos exóticos do qual se importava com a atenção que seu cabelo recebia do que as mortes que viriam com este evento. Vinte e quatro jovens e Krayt desejava que fosse o vencedor que retornaria com toda a glória, obviamente.

Abruptamente, virou-se em direção ao telão novamente, mas não fora a voz masculina do representante de Panem que lhe trouxe atenção e sim da idealizadora de cabelos negros e uma faixada repleta de futilidades e uma série de características pertencentes a pessoas mesquinhas. Uma mudança! Sim, ótimo, só que não. Seus ombros se arriaram e Krayt tornou-se cabisbaixo, jamais se interessariam por um costureiro, obviamente. Voluntariar-se não era uma opção, seria facilmente assassinado e ridicularizado pela ideia nada geniosa. Não seria o próximo símbolo de uma revolução, a Capital e toda sua hierarquia não poderia ser mais cruel e era a única que temia mais do que sua dona. Permaneceria calado, até que não conseguisse lidar com suas dores, ainda é capaz de fazê-lo, pensou consigo mesmo. Ou acabaria cravando uma de suas setas envenenadas no pescoço da velha.

Tais pensamentos homicidas  foram afastados de sua mente rapidamente, quando finalmente o representante de cabelos azuis com feixes dourados finalmente pronunciaria os tributos do distrito oito.

Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — disse um tanto surpreso. — O tributo masculino do distrito oito é nossa amada... — e cruzou os dedos.


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Mensagem por Aaron S. Aldebaran Qui Nov 26, 2015 1:33 pm

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Don't blame it on me
So blame it on the night, don't blame it on me.
E finalmente o Sol nasceu, para o terror de diversos adolescentes de Panem, que daqui a algumas horas teriam uma dura prova de fogo, a tão famosa colheita. Por todos os distritos o medo era visível nos olhos dos cidadãos com idade de 12 a 18 anos, porém, no solitário Distrito quatro, três jovens pareciam se divertir sem maiores precedentes, banhando-se e usufruindo dos privilégios do mar. Um deles parecia especialmente mais feliz que os outros e possuía um sorriso travesso desenhado nos lábios, Aaron ou Aldebaran, como gosta de ser chamado, não possuía nenhum motivo para estar feliz, pelo contrário, naquele dia ele novamente correria o risco de ser selecionado para um torneio quase letal, por assim dizer. Mesmo que assustado, o garoto jamais deixaria o medo vencê-lo, portanto "vestiu" seu melhor sorriso e foi para a praia, disposto a aproveitar aquele que poderia ser seu último dia. E lá estava ele, "pegando" mais uma onda, dessa vez tentando executar o "tubo", manobra na qual o surfista desliza dentro da onda. Enfim, finalmente depois de surfar por mais algum tempo, Aaron decidiu ir embora, o ponteiro menor do relógio já beirava o número oito quando o garoto deixou à praia, rumo ao seu lar.  

Tomou café às nove e meia, como de costume, e em seguida trancou-se no quarto, um tanto quanto pensativo. Ficou ali, deitado em sua cama, recordando sua primeira colheita, naquela época ele ainda nutria um sentimento de esperança, de liberdade, de ódio. Com um olhar confiante e um sorriso travesso nos lábios, ele havia se encaminhado para a cerimônia, queria ser selecionado, mostrar para a Capital o poder do Distrito 4, mas para sua infelicidade, ou melhor, felicidade, não foi escolhido. Hoje, alguns anos depois, Aldebaran já não demonstrava mais toda essa confiança. Seu olhar outrora seguro, agora encontrava-se vazio, pífio. Se antes pensava em participar dos jogos, hoje esse talvez seja o seu maior medo. A única coisa que com certeza não desapareceu foi o sorriso travesso, ardiloso, esse continuará para sempre desenhado no rosto do garoto, pelo menos até o dia do juízo final.

Pois bem, sem mais delongas decidiu acabar com tudo aquilo, se nada desse errado, ele novamente não seria escolhido e desfrutaria o resto do feriado com seus amigos, assim como havia começado. Vestiu uma blusa polo azul escuro junto com um shorts jeans qualquer e saiu de casa, calçando um par de tênis já desgastados pelo tempo. Assim que chegou, repetiu o mesmo procedimento dos anos anteriores e postou-se na longa fila, pronto para ter seu sangue coletado; já estava acostumado com aquilo, afinal o repertório era sempre o mesmo, só os tributos que ano após ano eram diferentes. Mal-humorado, revirou os olhos quando as dez e quarenta e cinco em ponto, o hino de Panem foi entoado... “Capitalistas e suas formalidades, qual a necessidade dessa música tosca? Será que não podemos pular para o anúncio dos tributos?” sussurrou num tom quase inaudível.

Concomitante ao hino, o tradicional vídeo foi exibido, com imagens dos vencedores das edições anteriores e dos doze distritos, cada um fornecia alguma coisa para a Capital. Logo em seguida um capitalista idiota deu um passo à frente e murmurou algumas baboseiras antes de novamente exibir outro vídeo. Aaron já estava quase dormindo quando finalmente uma novidade foi anunciada, dessa vez os cidadãos da Capital iriam escolher os dois tributos de cada distrito que participariam dos jogos, tornando as coisas um pouco mais interessantes. Bom, depois desse vídeo enfim os tributos iriam ser anunciados, certo? Beh! Errado. Uma mulher surgiu no telão, murmurando mais coisas a respeito da nova edição dos Jogos e do sistema de escolha dos tributos.

O telão tocou novamente o hino de Panem e o brasão de Panem apareceu, apagando-se logo em seguida. O representante da Capital bateu palmas novamente, desfilando com seus saltos altos até o centro do palco, agora sim, finalmente os representantes iam ser anunciados. O merdinha, quer dizer, capitalista, apanhou primeiro o envelope com a fita rosa, que continha o nome da representante feminina. Ele abriu o envelope e fez uma expressão de surpresa. — Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! O tributo feminino do distrito 4 é nossa amada... - murmurou, deixando um pouco de suspense no ar antes de anunciar o nome da escolhida.

OBS:

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Mensagem por Amëlie Døhlen Rothschild Qui Nov 26, 2015 2:52 pm

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Mensagem por Sealy Hantervall Qui Nov 26, 2015 3:51 pm

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sealy's mad fat diary


ask yourself! control is power?
A brisa do meio-dia anuviou os devaneios de Sealy, lambendo-lhe o rosto com o vapor fresco que englobava a atmosfera melancólica que predominava a praça. Pegou-se rindo, sapeca, desfalecendo o olho esquerdo em uma piscadela para um dos pacificadores que incumbia o ofício de realizar a coleta sanguínea dos jovens que se ofereceriam a mais uma edição dos jogos. Posicionada em meio a fila, a garota pouco se importava se o cara com quem flertava possuía idade o suficiente para ser, no mínimo, seu avô; provavelmente, deveria ser podre de rico e, àquela altura, deveria pensar somente no futuro do filho que esperava.

Alavancou-se rente a mesa e soergueu o palmo na diretriz do velhote. O contato do fio metálico contra sua derme gélida a fez suspirar, enclausurando o lábio inferior entre a prensa dentária enquanto um gemido doloroso escapulia. Gotículas de sangue respingaram no que aparentava ser um papel superfino, oficializando sua aparição no evento. A garota, ainda descontente por não ter toda a atenção que desejava sobre si, apoiou um dos joelhos sobre a bancada, exibindo parte da coxa roliça a qualquer um que estivesse em seu campo de visão - aliás, não fora à toa que optara por visual ousado, confortada em um vestido de renda tão transparente que deixava exposta cada quilômetro de pele de seu corpanzil arredondado; lingeries fúcsias gritantes; meias arrastão que iam até o joelho e sandálias rasteiras puídas, desgastadas e desbotadas.

Um "click" instantâneo a pegou desprevenida e ao mirar a fonte do ruído deu de cara com uma figura exótica, cujo fardamento alvo denunciava também pertencer à milícia da Capital. "A esposa...", cogitou, analisando as feições enfurecida da mulher. Arregalou os olhos, arrebatando as tranças contra o vácuo ao girar os calcanhares e desatar em uma corrida desenfreada até o aglomerado de jovens que outrora aguardavam pela iniciação da colheita. Por pouco não fora atingida por um bastonete que perpassou rente seu rosto e, em um mergulho, adentrou no mar de garotas exiladas por idade, acomodando-se em uma das últimas fileiras, reclusa.

A imagem do mentor de seu distrito ocupou o telão, majestoso em cada polegada. Nikko, provavelmente, deveria ser rico o suficiente para sustentá-la, e pegou-se imaginando se o vencedor estaria solteiro. Por hora, Hantervall ocupou-se em procurar pela fisionomia do amigo Sylvanne, apontando para o posto onde os rapazes se organizavam, escanteados pela divisão de sexo. — Onde aquele cretino se enfiou? — inquiriu, soberba, relembrando da promessa do amigo de que se responsabilizaria pela arrumação da morena. Obviamente, com a quebra do voto, teve de se virar sozinha o melhor que pode - o que explicaria o resultado desastroso.

Não tardou até que o fúnebre hino de Paném ressoasse perante o âmbito, seguido do enjoativo vídeo introdutório dos jogos anuais. Apalpou o baixo ventre, acariciando a barriga protuberante. Pensou sentir o bebê chutar, o que a deixou mais confortada com a situação. Vislumbrando de forma mais ampla o palanque ornamentado por pacificadores, notou a ausência das famosas esferas cilíndricas responsáveis por resguardar os nomes de todos os desafortunados que seriam colhidos para a edição conseguinte. Em seu lugar, outrora, jazia um par de envelopes aveludados, cada qual ostentando um laço de cor divergente. Engoliu em seco, o pulso batendo forte contra os ouvidos.

O representante subiu ao palco, trajando vestimentas que provavelmente seriam de agrado do amigo. Naquele instante, pôde capturar a silhueta de Sylvanne ser lançada em meio aos rapazes, tão deslumbrante quanto. Conteve um risinho maldoso ao notar o estado da criatura, voltando a atenção ao locutor sob os holofotes. Torcia para que nada desse errado durante a cerimônia, pois seria vergonhoso passar por um vexame frente a todo o país.

— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — disse o representante, perplexo — O tributo feminino do distrito dez é nossa amada... — pegou-se prendendo a respiração, desejando que seu nome não fosse pronunciado. Em situação gestante, já em seu nono mês, a última coisa de que gostaria seria dar a luz em meio a um cenário bélico, sem nem mesmo a certeza de que sairia viva da arena.

Uma pontada dolorosa a deixou horrorizada, e ao baixar o rosto achatado, visualizou torrentes de sangue escapulirem do meio de suas pernas, gotejando no asfalto de terra batida. Apertou firme a barriga, sentindo outra cutucada dolorosa. Antes que pudesse ouvir o nome da tributo, caiu de joelhos, perdendo a inconsciência em meio a multidão.
Credits to Rapture
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Sealy Hantervall

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Mensagem por Ruby Shadblow Qui Nov 26, 2015 6:57 pm

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Colheita




Era o dia da Colheita. Ruby poderia até ser filha do prefeito, mas isso não a livrava de ir para os Jogos. Dessa vez seria a vez da Capital fazer sua vítima. E não custava nada para eles a escolherem. Na verdade, isso soava interessante. Até onde lembrava, nunca tinha acontecido antes. Seria uma novidade! E quem não gosta de algo novo?

Respirou fundo e seguiu a fileira para ser cadastrada. Mesma rotina de sempre. Mesmo marcha de sempre até a praça do Distrito. De longe, pode ver vencedora da região, Zooey Rewards, séria no palco. E logo ao seu lado, estava o seu pai. Sua expressão estava tão preocupada que a sensação de que algo estava errado passou direto para ela. Ele retribuiu seu olhar e a agonia era presente. Respirou fundo mais uma vez. O medo lhe subindo a espinha.

O hino começou, o clipe passou no telão como sempre. Todos já conheciam aquele discurso, aquelas cenas e aquelas explicações. Nada disso ajudava a tornar esse dia mais fácil. E logo assim que o vídeo terminou, a capitalista começou o seu discurso tradicional, interrompido por outro vídeo da idealizadora... Então, o resultado estava ali, bem em cima daquela mesa, dentro daqueles envelopes.

Ruby fixou os olhares neles, ansiosa. A capitalista pegou o envelope com o lacre rosa, o abriu e...

— Nossa, nossa. Essa escolha foi inesperada! — Disse um tanto surpreso. — O tributo feminino do distrito X é nossa amada...

Ruby não conseguiu respirar nesse momento, a sensação ruim a dominando e uma pergunta ecoando em sua cabeça: “Será?".
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